Deparamo-nos, de surpresa, com uma notícia estarrecedora nos jornais e rádios de Brasília. Roubaram R$ 3 milhões da GEAP, a prestadora de assistência à saúde dos servidores da Previdência, Saúde e Trabalho. Anteriormente, sumiram outros R$ 10 milhões da mesma GEAP, aplicados no Banco de Santos , na véspera da falência, por ordem de anjos e arcanjos do além.
Como isso é possível? Ninguém sabe, ninguém viu? Desta vez, o golpe consistiu em abrir uma conta no Banco do Brasil e mandar ofício as patrocinadoras convidando -as a depositarem nessa conta o dinheiro que deveria ser depositado na conta da GEAP. Algumas patrocinadoras o fizeram. Quais? É piada!?
A GEAP ainda é a maior empresa de saúde estatal, contratada para atender as mais de 700 mil vidas de servidores públicos que pagam em dia, com inadimplência zero e atendimento crítico.
NA BOCA DO CAIXA
Com centenas de funcionários e executivos bem pagos para cuidarem da administração do dinheiro, que não é da GEAP, mas dos servidores, muitos executivos sem nenhum conhecimento de plano de saúde, páraquedistas, sem compromisso com a atividade final da GEAP, não estão nem um pouco preocupados com o desaparecimento do dinheiro, nem quem foi ao banco e sacou.
Segundo informações, R$ 700 mil foram retirados na boca do caixa, quando nós, pobres mortais, temos de preencher uma papelada para o Banco Central se retiramos mais de R$ 10 mil. Quem sacou? Será que não assinou nenhum papel? Que banco é esse que libera uma bolada, quando geralmente pede tempo para dispor de grandes somas? Será que avisaram que iriam sacar? Quem avisou? Não deixaram rastro?
Continuam todos os executivos sentados em seus belos assentos, festejando a impunidade. No nosso entendimento isso é má gestão, má administração, pouco caso em uma instituição que passa por momentos difíceis, com atraso de pagamento, descredenciamento dos principais hospitais, clínicas, laboratórios, profissionais médicos, especialistas nas diversas áreas, pediatras, por absoluta falta de pagamento e o valor abaixo do mercado oferecido por outras operadoras.
CASOS DE POLÍCIA
O caso é de polícia, aliás, os dois, o roubo e a falta de atendimento. A GEAP foi criada como patronal para atender os servidores dos antigos institutos de previdência, depois INPS, Sinpas, e mais recentemente recebeu os servidores da Saúde, egressos do antigo Inamps, do Trabalho e de outras instituições públicas. Como patronal, conquistou padrão de eficiência e qualidade. Tornou-se referência entre os servidores. Tinha uma carteira de benefícios para os servidores da Previdência.
Ao longo do tempo foi-se descaracterizando na medida em que deixou de atender o seu público do antigo SINPAS, passando a atender uma população desassistida.
Hoje é administrada por um Conselho Deliberativo composto por seis membros, sendo três indicados pelas patrocinadoras e três eleitos pelos servidores. Nas administrações anteriores, foram criados dois conselhos (Consult, CRR), a nosso ver desnecessários, aumentando os custos.
ATENDIMENTO PÍFIO
Temos em nosso poder relatórios de vários estados sobre os padrões ínfimos de atendimento e desconforto. O Conselho Deliberativo tem que exigir explicações para os desmandos da GEAP, sob pena de levá-la à falência e os 700 mil assistidos ao desespero. É o que querem as empresas de planos de saúde, de olho na clientela, agora que o governo lhes escancarou as portas.
(Paulo César Regis de Souza é presidente da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social. Artigo enviado pelo comentarista Ednei Freitas)
16 de abril de 2015
Paulo César Régis de Souza
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