Abaixo, uma crônica singela, meio sentimental, meio exalando orgulho, que me sugeriu as seguintes reflexões:
Todo país, toda nação, possui uma sociedade civil, isso é óbvio.
Não me refiro, claro, aos arremedos mistificatórios, de movimentos sociais organizados, mobilizados para defender um partido gramsciano, como meras correias de transmissão das ordens do chefe.
Refiro-me ao conceito hegeliano de sociedade civil, aquele estrato da sociedade, imenso, formado por pessoas que nem estão no Estado, e que não existem em função do Estado, e que tampouco são ilotas ou constituem o chamado lumpen, os desclassificados à margem do mercado de trabalho.
Sociedade civil é formada por todos aqueles que se sustentam do seu trabalho, exclusivamente, e que sustentam o Estado (e seus apaniguados, embora estes também possam fazer parte da sociedade), e que não recebem nada diretamente do Estado, a não ser serviços coletivos pelos quais eles já pagaram previamente, com o seu trabalho e os seus impostos.
Alguns países possuem sociedades civis mais fortes, mais estruturadas, mais conscientes do que outros. Penso, por exemplo, na Polônia, várias vezes na História decepada, esquartejada, fragmentada, até eliminada do mapa político por vizinhos mais poderosos. Graças à sua sociedade civil, à qual está intimamente vinculado o sentimento cristão de seu povo, ela sempre renasceu, forte, vibrante, afirmativa.
Penso no próprio Irã, hoje dominado por uma teocracia que também passará, pois o país possui uma sociedade civil forte.
Creio que o Brasil também, e isso nos faz mais confiantes em que saberemos expulsar a quadrilha de mafiosos estelionatários do poder, para construir um país decente.
18 de abril de 2015
Paulo Roberto de Almeida
CONFESSO QUE CHOREI
Domingo, quando entrei no carro, no final da passeata, chorei convulsivamente, como há muito tempo não fazia. Sim, eu estava sensibilizado pelas muitas e generosas manifestações de carinho que recebi ao longo da tarde, traduzidas em gestos, abraços e fotos com amigos. Mas, principalmente, chorei de felicidade por ver, pela segunda vez, em menos de trinta dias, o meu Brasil diferente. Vi o meu país como sempre quis que ele fosse. Democrático, alegre, mas intransigente com a criminalidade instalada no poder. Antes aos meus 70 anos do que nunca!
Agora, já posso dizer que vi. Vi nossa gente clamando por um país decente. Vi, Brasil afora, milhões saírem de casa para dizer basta! Chega! Já foram longe de mais! Ponham-se no olho da rua, malfeitores!
Os que se acreditavam senhores da Nação, jamais conseguiram mobilizações semelhantes, mesmo que a peso de ouro, mesmo contratando celebridades e promovendo shows, pagando diária, transporte e alimentação.
Por duas vezes, neste mesmo período, tentaram se contrapor e não tiveram eco. Pagaram mico, deram vexame. É difícil reunir fiéis à infidelidade.
O Brasil está atravessando o mar vermelho. O PT está acossado, o petismo acuado pelos próprios pecados, pelos próprios fantasmas.
O PT fez o diabo? Ou foi o diabo que fez o PT?
O que sim sei, e com isso respondo uma pergunta que circulava entre os manifestantes de domingo: essa casa vai cair? Vai, pela irresistível força da gravidade, quando as estruturas de sustentação entram em colapso. E a base do governo está em franca decomposição.
Esse governo não tem como chegar ao fim. Além disso, que Constituição seria essa nossa se servisse para proteger uma quadrilha no poder e não para proteger o povo dessa quadrilha?
______________
* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor
______________
* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor
Nenhum comentário:
Postar um comentário