"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 7 de março de 2015

CRISE POLÍTICA AMEAÇA NOVOS INVESTIMENTOS

 


A decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, de partir para cima da presidente Dilma Rousseff e devolver ao Palácio do Planalto a MP 669, que aumenta impostos sobre a folha de pagamento das empresas, dá a exata dimensão da fragilidade do ajuste fiscal prometido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Os custos para o país desse embate político serão enormes. O dólar deve passar dos R$ 3 rapidamente e os riscos de rebaixamento do Brasil se agigantaram.

Para Eduardo Velho, economista-chefe da INVX Global Partners, a trégua que os investidores vinham dando ao governo, reconhecendo o esforço de Levy em arrumar as finanças públicas, vai acabar. Ele ressalta que, a despeito dos sinais emitidos pelo mercado, em nenhum momento os agentes econômicos se livraram das dúvidas em relação ao ajuste fiscal.

Mesmo com o chefe da equipe econômica surpreendendo com seguidos anúncios de medidas fortes para garantir o cumprimento da meta fiscal de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB), os investidores sempre questionaram o real compromisso da presidente Dilma Rousseff em avalizar o arrocho. Muitos chegaram a apostar quanto tempo Levy ficaria no cargo.

BASE FRAGILIZADA
Foram necessários quase dois meses para que Dilma emitisse sinais públicos de apoio ao ministro. Isso, no entanto, não acalmou os agentes econômicos, pois a presidente passou a ser confrontada pelo seu próprio partido, o PT.
A gritaria de deputados e senadores da legenda contra as medidas que restringem o seguro desemprego, o abono salarial e as pensões por mortes explicitou o quanto o governo estava com a base política fragilizada.

Dilma contava, porém, com o apoio do PMDB para aprovar, no Congresso, o ajuste que o país tanto precisa para sair do atoleiro. A contragosto, jantou com lideranças do partido para convencê-los de que uma nova era começava na relação entre o Planalto e os aliados. Renan, por sinal, não compareceu aos rapapés.
Já tinha decidido confrontar a presidente, pela qual não nutre nenhuma simpatia, e tentar criar um fato positivo diante da certeza de que está na lista dos políticos que serão denunciados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por envolvimento na corrupção que destruiu a Petrobras.

A determinação de Dilma a Levy foi para manter o discurso da austeridade fiscal, pois o governo usaria outro instrumento, um projeto de lei com urgência constitucional, para garantir a redução das desonerações ao setor produtivo. O ministro, por sinal, usará todos os argumentos possíveis para convencer representantes de agências de classificação de risco, com os quais se encontrará, de que o compromisso com o superavit primário de 1,2% do PIB é irreversível.

PASSAR RECIBO…
“Não passaremos recibo. O ajuste fiscal é para valer. A reação do senador Renan foi exagerada. Mas isso não fará o governo recuar”, garante um técnico da equipe econômica. Ele admite que os investidores reagirão mal à briga entre Dilma e o presidente do senado, mas ressalta que o compromisso do governo com a reconstrução da confiança será reforçado hoje pelo Banco Central, que deverá aumentar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, para 12,75% ao ano. “O BC fará isso, mesmo com a economia mergulhada na recessão. Neste momento, a prioridade da autoridade monetária é combater a inflação, que está em um nível inaceitável”, acrescenta.

07 de março de 2015

Vicente Nunes
Correio Braziliense

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