"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 7 de março de 2015

ARMAÇÃO CONTRA ANASTASIA



O inquérito contra o senador tucano Antônio Augusto Junho Anastasia é uma peça de ficção científica. Não que não possa ser verdade que ele tenha recebido dinheiro do Petrolão, mas os indícios apresentados até agora não se sustentam. Não têm consistência. Cheiram a pressão do governo petista para colocar ao menos um nome da Oposição entre quase 50 da base da Dilma, além da própria, acusada de que sua campanha recebeu dinheiro roubado da Petrobras. Vamos aos fatos.

Primeira inconsistência

O inquérito foi aberto baseado em depoimento de um policial federal, Jayme Alves de Oliveira Filho, vulgo Careca, um "laranja" ou "aviãozinho" do doleiro Alberto Youssef, que fazia entregas de dinheiro vivo sob ordens do mesmo. Tudo o que ele declarou sobre Anastasia foi desmentido por Youssef. Ora, quem está fazendo a delação premiada e não pode mentir é o doleiro. Se o depoimento do "Careca" vale como a verdade, a delação de Youssef é mentirosa e deve ser anulada. Sabem o que  Rodrigo Janot diz na petição? Que Youssef "pode ter sofrido pressões". Ora, isso é uma ilação sem base alguma. Uma forçação de barra para abrir inquérito contra o senador mineiro.
 
Segunda inconsistência 

O depoimento de "Careca" foi prestado em 18.11.2014 perante a Polícia Federal em Curitiba. Ali ele acusou Antônio Anastasia, Eduardo Cunha e Luiz Argolo, na mesma oportunidade.Sobre o ex-senador mineiro, relatou que " no ano de 2010, a pedido de Alberto Youssef, foi para Belo Horizonte entregar quantias que seriam destinadas para Anastasia”. O dinheiro foi entregue para uma pessoa que não se identificou. Embora negue saber do que se tratava originariamente, reconheceu que “tempos mais tarde, vendo os resultados eleitorais”, identificou “ que o candidato que ganhou a eleição em Minas Gerais era a pessoa para quem eu levei o dinheiro”. 

Apresentada uma fotografia do ex-governador e atual Senador Antonio Augusto Junho Anastasia (na época um dos candidatos ao governo de Minas Gerais), referiu que na “fotografia é muito parecida com a que recebeu a mala enviada por Youssef contendo dinheiro”. Foi entregue, na época, aproximadamente R$1.000.000,00 (um milhão de reais).

Vejam só. Primeiro o depoente "Careca" informa que havia reconhecido Anastasia quando viu que ele havia vencido a eleição. Em seguida afirma, olhando sua fotografia, que ele é muito parecido com quem recebeu o dinheiro. É óbvio que este reconhecimento não pode ser considerado como prova e deveria ser motivo de absolvição. E muito nos admira que a Polícia Federal tenha apresentado uma só fotografia e que esta fotografia tenha sido de Antônio Anastasia. Os policiais, de acordo com a lei, não poderiam mostrar foto alguma sem antes exigir que o acusador descrevesse as características do senador, para que não houvesse indução. Deveriam, também, ter mostrado um conjunto de fotografias e, jamais, apenas uma imagem, exatamente a do senador Anastasia.

Terceira inconsistência

"Careca"  descreveu em detalhes a casa e a localização da casa onde teria feito a entrega para o senador Anastasia. Vejam o que consta da petição de Rodrigo Janot:

Questionado se saberia descrever aproximadamente onde fica esta casa, respondeu: Onde tem o shopping, tem a BR 040, em frente ao shopping, na pista descendo, tem um morro, é uma colina. É la em cima desse morro. Vindo pela rua que liga o Rio de Janeiro a Belo Horizonte, após passar pelo shopping que fica na entrada da cidade, existem alguns redutores de velocidade então você sai à direita e começa a subir o morro. A casa fica voltada para o shopping. É uma casa térrea, ou seja, não parece ser um sobrado para quem olha de frente, não me lembro a cor, o portão abre na horizontal. Na frente da casa existe uma grade. 

Ora, na mesma petição, quando a casa descrita refere-se a supostas entregas para Eduardo Cunha, está anexada uma foto da residência, com identificação do proprietário e suas ligações com o atual presidente da Câmara. Por que a Polícia Federal, se identificou a casa no Rio de Janeiro, não fez o mesmo para a casa em Belo Horizonte? Se as descrições detalhadas são uma das justificativas para Janot pedir a abertura de um inquérito contra Anastasia, por que não determinou que a PF fosse atrás do referido endereço, fotografasse a casa e fizesse com que o depoente a identificasse? Com isso, teríamos o dono e a sua suposta ligação com o senador tucano.

Quarta inconsistência

Youssef, inquirido em depoimento sobre as entregas de dinheiro feitas em Belo Horizonte, sempre negou qualquer ligação com Antônio Anastasia. Jamais citou o seu nome. Mas disse que os valores estavam anotados em uma lista intitulada "Transcareca". Rodrigo Janot conferiu a lista em busca do R$ 1 milhão que  "Careca" teria entregue para o tucano. Vejam o que ele escreve na petição:  Conforme visto, houve uma entrega constante da TRANSCARECA no valor de R$ 600.000,00, entregue em 9 de maio, embora não se possa afirmar que se refira ao ano de 2010. 

Vejam! Não existe nem anotação de valor semelhante. Não existe prova alguma de que houve a entrega. E isto serviu de base para o pedido de inquérito. E pasmem! Leiam como Rodrigo Janot encerra o pedido de inquérito que pode se transformar em denúncia de corrupção passiva e lavagem de dinheiro contra Antônio Anastasia: 

Assim, nada obstante a negativa de Youssef de que tenha mencionado diretamente para Jayme o nome do Senador Anastasia, confirmou que determinou a realização de entregas em Minas Gerais e que Jayme foi o responsável por elas. Por sua vez, a riqueza de detalhes apresentada por Jayme, somado ao reconhecimento pessoal do Senador, apontam para a necessidade de aprofundamento das investigações. Desta forma, os elementos indicam que ao menos deve-se aprofundar as investigações, para se confirmar ou não a entrega das quantias, assim como confirmar ou descartar o envolvimento dos parlamentares mencionados.

Como podemos concluir, tudo se baseia na "riqueza de detalhes" de um depoente que foi desmentido por um envolvido que fez delação premiada e que era chefe do "laranja". Na "riqueza" de detalhes a Polícia Federal cometeu graves equívocos no reconhecimento de um suspeito, que fere toda a legislação sobre o assunto. Na "riqueza de detalhes" que não se preocupou em identificar a casa tão ricamente descrita pelo depoente. A casa até agora não existe. Ninguém sabe quem é o dono. E bastaria levar o depoente até lá para que a identificasse. E observem que o PGR implora para que o STF "ao menos", "ao menos", aprofunde as investigações.

O que temos aí é uma armação contra a Oposição. Com a assinatura do Procurador Geral da República e o endosso de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Que lástima! Que vergonha!

07 de março de 2015
in coroneLeaks

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