O que Lula foi tratar com o ditador da Guiné Equatorial que bancou a Beija-Flor?
A serviço da Odebrecht, uma das investigadas do Petrolão, o ex-presidente já visitou o país africano duas vezes desde 2011. Numa delas, em missão oficial, pediu para ser acompanhado por um dos suspeito de pagamento de proprina para a Petrobras.
Sempre acompanhado do adjetivo “polêmico”, os principais portais do país noticiam hoje a vitória da Beija-Flor no carnaval carioca. A polêmica reside no fato de o enredo vencedor ter sido bancado em pelo menos R$ 10 milhões pelo ditador da Guiné Equatorial. Segundo a Anistia Internacional, Teodoro Obiang, que está há 35 anos no poder, é acusado de brutais violações de direitos humanos, com tortura e morte de opositores. Mas não é de hoje que essa nação de população menor que a de Aracaju chama a atenção no noticiário Brasileiro.
Em junho de 2013, enquanto o Brasil já vivia seus primeiros protestos contra o aumento das tarifas de ônibus, o ex-presidente Lula, financiado pela Odebrecht, visitava o ditador na própria Guiné Equatorial – e com auxílio do Itamaraty.
A primeira parada de Lula foi Malabo, capital da Guiné Equatorial. Segundo o Itamaraty, a agenda foi acertada entre o Instituto Lula, o Cerimonial da Presidência da República local, a Odebrecht, que financiou a viagem de Lula, e a embaixada brasileira.Lula teve audiência de duas horas com o ditador Teodoro Obiang, no poder desde 1979.(grifos nossos)
A visita não era inédita. Em 2011, novamente em polêmica, Lula já havia viajado ao 144º IDH do mundo, mas em missão oficial para a presidente Dilma Rousseff. Desta vez, a controvérsia estava na companhia de Alexandrino Alencar, um diretor da Odebrechet que não constava na lista oficial enviada ao Itamaraty.
A Odebrecht entrou na Guiné Equatorial após a visita de Lula, sendo favorita para obras na parte continental, onde está sendo construída uma capital administrativa. (…) Hoje Alencar é o responsável pelo Desenvolvimento de Negócios da Odebrecht. A relação dele com Lula é antiga.(grifos nossos)
Para entender a importância de Alencar, é preciso retomar o escândalo do Petrolão. Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras, recentemente confirmou que recebeu propina da Odebrecht e da SBM em contas no exterior. Uma auditoria interna desta última mostrou que, ao menos de 2007 a 2011, a empresa já havia subornado autoridades e políticos em algumas nações africanas, entre elas a Guiné Equatorial.
A empresa esclarece que os pagamentos, no valor de 145 milhões de euros, que foram feitos a intermediários em Angola, Guiné Equatorial e no Brasil são legítimos e normais, mas acrescenta que uma parte desse valor, que ainda não conseguiu identificar, pode ter ido parar, em forma de suborno, a pessoas com ligações diretas ou indiretas a autoridades governamentais de Angola e da Guiné Equatorial.(grifos nossos)
A Odebrecht anda tensa com essa história toda. Mesmo sem representantes presos pela operação Lava Jato, vem sendo investigada por um esquema de pagamento de propina no exterior. É aqui que o nome de Alencar volta a figurar nas páginas policiais:
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa contou ter recebido 23 milhões de dólares da Odebrecht numa conta aberta na Suíça. A polícia suspeita que Alexandrino Alencar, um dos diretores da empreiteira, foi o responsável pelo pagamento. Entre 2008 e 2012, Alexandrino encontrou-se diversas vezes com Rafael Angulo Lopez, envolvido no escândalo. Lopez contou aos investigadores que indicava contas no exterior e o diretor fazia depósitos.(grifos nossos)
Corre nos bastidores que Lula já está na mira dos investigadores graças aos serviços prestados a empreiteiras como a Odebrecht. Mas também na de alguns investigado presos, como os executivos da OAS. Em idade avançada, sentem-se excluídos pelos políticos que os meteram no esquema e pensam em aderir à delação premiada para reduzir as longas penas que devem cumprir. O problema é que só poderão ganhar o benefício se apresentarem algum fato novo. E este fato novo seria os nomes de Dilma Rousseff e Lula como cabeças do esquema.
O alvo é o topo da cadeia de comando, em que, segundo afirmam reservadamente e insinuam abertamente, se encontram o ex-presidente Lula e Dilma Rousseff. “Era uma coisa só, o que demonstra que os pagamentos na Petrobras não sedavam por exigência de funcionários corruptos e chantagistas, como o governo quer fazer crer. Era algo mais complexo, institucionalizado”, diz um dos investigadores que atuam no caso.(grifos nossos)
Segundo a reportagem, o diretor internacional da OAS, Agenor Medeiros, aos 66 anos de idade, exalta-se na carceragem da polícia federal em Curitiba: “Se tiver de morrer aqui dentro, não morro sozinho”. Que caia atirando antes que atirem nele. Amém.
19 de fevereiro de 2015
Marlos Ápyus
in implicante
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