O senhor Robson Andrade, presidente da CNI, afirmou nesta semana que as denúncias que envolvem algumas das maiores construtoras do Brasil são pontuais e que a investigação e eventual punição desses atos não pode inviabilizar a continuidade de sua atuação em benefício do país.
Grandes empresas são estratégicas para qualquer nação. Se não fosse o trabalho de construtoras como a Mendes Júnior, na década de 1970, em países como o Iraque e a Mauritânia, com a ida para lá de milhares de técnicos e operários brasileiros, para construir ferrovias, rodovias e obras de irrigação, o Brasil não teria conseguido, naquela ocasião, enfrentar a crise do petróleo.
Não existe grande nação que não tenha grandes empresas e grandes bancos para apoiá-las, dentro e fora de seu território, na disputa com empresas e bancos de outros países.
A Suíça e a Nestlé e os seus bancos; os EUA e a IBM, a Boeing, a Northrop, a Microsoft ou a Monsanto; a Alemanha e a Bayer, a Basf, a Siemens, a Volkswagen; a Itália e a Fiat , a ENI, a Benetton e a Beretta; a Espanha e a Repsol, o Santander e a Telefónica. Nem uns existiriam sem os outros, nem nenhum deles são santos.
AJUDA MÚTUA
A diplomacia e a estrutura pública desses países e suas grandes empresas sempre se ajudaram mutuamente, para a conquista do mundo. No Brasil ocorre o contrário.
Independentemente das investigações em curso, nos últimos anos parece que é pecado, ou proibido, que nossos bancos públicos, como o BNDES, a exemplo do que fazem os Eximbanks dos EUA e da Coreia do Sul; o Deustche Bank da Alemanha; a JFC e o JBIC do Japão, financiem e apoiem a expansão de empresas como a JBS-Friboi, a BRF, a Vale, a Totus, a Gerdau, e construtoras como a Odebrecht – que atua em dezenas de países do mundo – dentro e fora do Brasil.
Houve corrupção na Petrobras? Que corruptos e corruptores sejam punidos. O que não se pode é paralisar e quebrar algumas das maiores empresas de capital nacional, porque, nessa hipótese, quem mais perderá será o Brasil.
COMPETITIVIDADE
Arrebentar com a competitividade do país na área de infraestrutura e construção pesada, destruindo alguns dos principais instrumentos estratégicos que temos para aumentar nosso poder e projeção no exterior, e mais particularmente, na África e América Latina – nosso espaço imediato de influência – é o mesmo que jogar pela janela a água suja da bacia, junto com o bebê que estava tomando banho, ou amputar os dois pés para combater uma infecção de unha.
Todos os grandes países do mundo combatem a corrupção de suas empresas. E – não sejamos hipócritas – muito mais a corrupção interna, realizada em seu próprio território, do que a externa, em território alheio.
Mas nenhum desses países deixou de apoiá-las com negociações e financiamento lá fora. Ou de exportar produtos, serviços e mão de obra por meio delas. Ou de usá-las, principalmente dentro e fora de suas fronteiras, para defender sua estratégia e seus interesses. Senador Aécio Neves acaba de obter, na Justiça de São Paulo, importantíssima e histórica vitória, que não é apenas dele, como cidadão, mas da democracia, de modo geral, em nosso país.
Mauro Santayana
(Hoje em Dia
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