"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

DILMA TAMBÉM TENTA ASSUMIR AUTORIA DE PROPOSTAS ANTICORRUPÇÃO QUE JÁ EXISTEM NO CONGRESSO



Marqueteiros vendem Dilma como se fosse um produto

As críticas ao comportamento da presidente Dilma Rousseff em seu discurso de posse não significam perseguição nem má vontade. Todos sabem que o cargo de chefe do governo exige uma postura digna e condizente com a realidade dos fatos, mas não é isso que está ocorrendo.

O problema é que estamos vivendo na estranha e perigosa Era da Encenação Política, digamos assim. Já houve tempo em que os próprios governantes redigiam seus discursos, quando não o faziam de improviso. Mas nos últimos anos os pronunciamentos políticos passaram a ser escritos por marqueteiros, que usam técnicas comerciais, como se estivessem vendendo um produto.

Foi por isso que o longo e enfadonho discurso de Dilma Rousseff veio recheado de promessas recicladas, que já haviam sido feitas na primeira posse, quatro anos atrás, e de êxitos governamentais superdimensionados, como se a pobreza já tivesse sido erradicada, embora 54 milhões de famílias brasileiras ainda tenham de ser socorridas pela Bolsa Família, o que significa mais da metade da população do país em situação de miséria.

PACOTE ILUSÓRIO

O pior mesmo foi o “pacote anticorrupção” citado por Dilma Rousseff no final do discurso de posse, em que tentou assumir a “autoria” do combate ao crime que vem vendo desfechado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, conforme já registramos aqui na Tribuna da Internet. E além de cometer essa gravíssima falsidade ideológica em seu pronunciamento, ela anunciou bombasticamente o envio ao Congresso de cinco propostas, ainda no primeiro semestre deste ano, que, segundo ela, visam a “garantir processos e julgamentos mais rápidos e punições mais duras”.

Acontece que essa promessa é ardilosa e ilusória, representa apenas uma mera ação de marketing político que precisa ser denunciada, porque três das cinco propostas já tramitam no Congresso e jamais receberam apoio da presidente Dilma Rousseff para serem aprovadas. Reportagem de Fábio Brandt, Isadora Peron, Daiene Cardoso e Ricardo Brito, publicada pelo Estadão, mostra que aguardam aprovação do Legislativo os seguintes projetos:

1) transforma em crime o enriquecimento não justificado de agentes públicos;
2) dá mais agilidade aos processos contra políticos e autoridades com foro privilegiado;
3) transforma em crime a prática do caixa dois em campanha eleitorais.

Apenas duas propostas de Dilma ainda não foram apresentadas por parlamentares ao Congresso: as que pretendem facilitar o confisco de bens adquiridos de forma ilícita e agilizar processos sobre desvio de recursos públicos.

SERIA MAIS DIGNO

Traduzindo tudo isso: ao invés de tentar assumir a “autoria” do combate à corrupção, que jamais partiu dela, que fez exatamente o contrário e diminuiu as verbas da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, e de tentar também assumir a “autoria” de projetos que já existem e estão tramitando no Congresso sem o menor apoio do governo ou da base aliada, a presidente Dilma deveria ter dito a verdade.
Ficaria mais digno se ela simplesmente afirmasse que vai apoiar as três propostas dos parlamentares e pretende apresentar os dois projetos restantes. Mas qual o político que se interessa em dizer a verdade nos dias de hoje? Todos preferem ouvir e seguir os marqueteiros, cuja principal função, todos sabem, é iludir o respeitável público. Simples assim.

08 de janeiro de 2015
Carlos Newton

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