"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

PARA REGISTRO! APÓS TUMULTO E SEM MANIFESTANTES, RENAN ASSUME SESSÃO PARA VOTAR META FISCAL

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Depois da guerra instalada na sessão de ontem, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), retomou os trabalhos na manhã desta quarta-feira. O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) abriu os trabalhos pouco depois das 10h e anunciou que aguardaria 30 minutos para ver se haverá quorum para continuar os trabalhos encerrados ontem à noite, devido a protestos de um grupo de manifestantes. 

Neste momento, começou a discussão dos dois vetos presidenciais que trancam a pauta. A oposição vai continuar com os pedidos de verificação de quorum para tentar encerrar os trabalhos e evitar que seja votada na sessão do Congresso a proposta que muda a meta fiscal de 2014. Chinaglia pediu cordialidade a todos. Ás 10h31, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), assumiu o comando da sessão e iniciou a discussão dos vetos.

O líder da minoria no Congresso, deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), pediu a verificação do quorum, com reabertura do painel.

- Faremos isso, faremos isso - aceitou Renan.

Antes de passar os trabalhos a Renan Calheiros, o deputado Chinaglia comentou uma discussão que teve com manifestantes na entrada do Congresso, ao chegar.

- Cheguei às 8h30 e estava com a cabeça em outros temas. Fui abordado de forma provocativa e me acusaram de tudo e mais um pouco. Cheguei ao limite e respondi no nível mais baixo, perguntando quanto estavam ganhando para estarem ali. Mas vou presidir pedindo a cordialidade de todos - disse Chinaglia.
 
O petista disse que as galerias estavam fechadas por decisão de Renan Calheiros, tomada na véspera, e lembrou que, como presidente da Câmara no passado, nunca permitiu manifestações nas galerias.


- Nunca permti aplausos. Mas, se permitem aplausos, permitem vaias. As galerias estão fechadas por decisão tomada ontem - anunciou Chinaglia.

A oposição, assim que Chinaglia declarou a sessão reaberta, deu início a requerimentos de obstrução para encerrar os trabalhos. Dentro do prédio, o clima é de tranquilidade. As galerias - área destinada ao público - estão fechadas para evitar manifestações. Os líderes aliados, contudo, admitem que a proposta que muda a meta fiscal de 2014 não deve ser votada hoje.

Antes mesmo do início, um grupo de cerca de 30 manifestantes protestavam em frente à entrada principal, a chamada chapelaria. Os manifestantes reclamam que estão sendo impedidos de entrar no prédio e bateram boca com o deputado petista e vice-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP).

O incidente com Chinaglia ocorreu no momento em que o deputado chegava ao Congresso. Naquele instante, o grupo gritava palavras de ordem como "Abaixo a ditadura". Chinaglia dirigiu-se aos manifestantes com a seguinte indagação:
- Quanto vocês estão recebendo para estar aqui?

Em seguida, houve bate-boca e Chinaglia desistiu de entrar no prédio pela chapelaria. Ele voltou ao carro e saiu em direção a outra porta de acesso ao Congresso.
 
Por volta das 10h, parlamentares de oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff conversavam com os manifestantes. Entre eles, os líderes do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA); o líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE); e o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).Os deputados perguntaram aos seguranças do Congresso o motivo para barrar os manifestantes. A resposta dada por um segurança foi de que se tratava de determinação do presidente do Senado e do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

O governo fracassou na sua quarta tentativa de votar, ontem à noite, a proposta que permite ao governo descumprir a meta fiscal de 2014, depois que o clima ficou quente na sessão do Congresso, com briga e xingamentos entre manifestantes, parlamentares e seguranças da Casa. A sessão do Congresso foi marcada por brigas, pontapés, socos, empurra-empurra e xingamentos envolvendo parlamentares, manifestantes e seguranças. O cancelamento da sessão acabou sendo uma vitória da oposição. Como ainda faltam votar os vetos presidenciais, há o risco de a votação da mudança da meta só ocorrer dia 09.

O problema será haver clima para a retomada da sessão, além das dificuldades de quorum numa quarta-feira pela manhã. A pauta está trancada por dois vetos presidenciais. Depois da votação, se ela for realizada, a sessão terá que ser suspensa para contagem dos votos e verificar se o quorum mínimo foi alcançado, de 257 deputados e 41 senadores votantes. Somente depois é que se poderia começar a discussão da proposta que desobriga o governo a cumprir a meta de superávit de 2024.
ÂNIMOS NAS GALERIAS FICAM EXAL
O Plenário da Câmara, onde ocorrem as sessões do Congresso, se transformou num verdadeiro ringue de briga ontem. Enquanto nas galerias havia enfrentamento entre seguranças, manifestantes e parlamentares da oposição, alguns deputados e senadores trocavam xingamentos dentro do Plenário mesmo, a poucos metros do senador Renan Calheiros, que parecia atônito com o tumulto.
 
A confusão começou quando Renan mandou esvaziar as galerias, por volta das 19h45. Neste momento, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra o próprio Renan e o PT.

- Ditador (para Renan)! O PT roubou! Vai para Cuba! - gritavam os manifestantes, que eram menos de 200 nas galerias.

O problema é que algumas parlamentares, como a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) e a senadora Vanezza Grazziotim (PCdoB-AM), estavam discursando e entenderam que estavam sendo xingadas de "vagabundas". A deputada Jandira Feghali exigiu providências.

- Eu não ouvi, mas a deputada disse que estavam nos chamando de vagabundas. E a deputada Manoela D´Ávila (PCdoB-RS) contou que havia uma manifestante nos chamando de safadas - disse Vanessa.

- Chamar de vagabunda. Isso é inadmissível! Minha proposta é que se esvazie as galerias. Que se respeitem os parlamentares desta Casa! ) dizia Jandira Feghali.
 
Os seguranças foram às galerias para retirar os manifestantes, a maioria ligados ao PSDB. Segundo relatos, os seguranças usaram inclusive uma arma que dá choque nos manifestantes. Os líderes dos partidos de oposição, então, subiram para proteger os manifestantes e começou a briga.

 Os mais exaltados eram os deputados Ronaldo Caiado (GO), líder da Minoria no Congresso; Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Fernando Francischini (SDD-PR) e o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). Já os líderes do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), e do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), tentavam acalmar, sem sucesso, os envolvidos.

05 de dezembro de 2014
Cristiane Jungblut e Isabel Braga
O Globo

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