"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

NOTAS POLÍTICAS DO JORNALISTA JORGE SERRÃO 2

Dilma cobra pacto anticorrupção e Sarney faz saideira contra reeleição e exige reforma política


Foto histórica juntando Collor, Sarney, Lula, Dilma e FHC
     
A politicagem no Brasil - o País da Piada Pronta e sem graça - consegue virar o mundo ao avesso. Quem poderia imaginar que o senador José Sarney, ex-Presidente da República e imortal da Academia Brasileira de Letras, fosse encerrar seus 60 anos de vida pública com um discurso combatendo a reeleição, pedindo o fim das Medidas Provisórias, cobrando reforma política e se indignando com a corrupção. Mais hilário ainda é que a Presidente Dilma deu uma de Sarney ao ser diplomada no Tribunal Superior Eleitoral:

"Chegou a hora de firmarmos um grande pacto nacional contra a corrupção, envolvendo todos os setores da sociedade e todas as esferas de governo. Esse pacto vai desaguar na grande reforma política que o Brasil precisa promover a partir do próximo ano. A corrupção, como todos os pecados, está entranhada na alma humana. Não é exclusividade de um ou outro partido, de uma ou de outra instituição. Trata-se de um fenômeno muito mais complexo e resiliente. Estamos purgando, hoje, males que carregamos há séculos".



Sarney fez a mesma promessa que Dilma: "Vamos limpá-lo (o Brasil) das práticas dos malfeitos, e dos administradores irresponsáveis". Defensor de um mandato presidencial de cinco ou seis anos, em regime parlamentarista, Sarney fez um discurso digno da melhor oposição: "Temos que ter a coragem de acabar com as medidas provisórias. Elas deformam o regime democrático. O Executivo legisla, e o Parlamento fica no discurso. As leis são da pior qualidade, e as MPs recebem penduricalhos que nada têm a ver com elas para possibilitar negociações feitas por pequenos grupos a serviço de lobistas".
 
Sarney atingiu seu ápice quando cobrou a tão esperada reforma política. O senador colocou Dilma bem na fita: " Na área política, nós regredimos. E é esse o grande entrave de que o país sofre até hoje. Então, chegou um ponto em que não podemos tolerar mais esse impasse. Não podemos tolerar mais o sistema político brasileiro, que é responsável por todo o resto do que acontece no nosso país. Precisamos evitar a proliferação de partidos, que hoje constituem verdadeiros registros eleitorais e só servem para negociações materiais. O financiamento também das campanhas tem de ser resolvido de maneira que não haja cooptação de vontades. É preciso ter regras claras para doações de empresas privadas. Estabelecer um teto. A presidente Dilma marcará a História do Brasil se fizer a mudança desse regime".

Presidente por acidente - era vice de Tancredo Neves, que morreu antes de tomar posse em 1985, quando o então Ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves lhe garantiu a posse nos bastidores -, Sarney chamou a atenção da mídia ideológica de esquerda, por ter se referido a 1964 como "revolução" e não como a historiografia da Omissão da Verdade exige, usando o termo "golpe". Sarney aproveitou para fazer média política, cobrando o fim da reeleição - que já beneficiou os petistas duas vezes, embora eles sempre recordem que FHC montou algo como o mensalão para aprová-la no Congresso. Sarney criticou:  

"Talvez o pior que a revolução tenha feito, no Brasil, tenha sido acabar com os partidos políticos. O financiamento também das campanhas tem de ser resolvido de maneira que não haja cooptação de vontades. É preciso ter regras claras para doações de empresas privadas; estabelecer-se um teto. Estabeleceu-se também uma promiscuidade entre cargos, empresas e setores da Administração que apodreceu o sistema em vigor. A solução desse problema não pode ser abordada tímida e isoladamente, mas deve ser feita em conjunto com o sistema partidário. Precisamos levar a sério o problema da reeleição, que precisa acabar, estabelecendo-se um mandato maior.

Por fim, a magistral e muito comemorada saideira de Sarney: "Quero dizer que esta é a última vez que ocupo a tribuna parlamentar, que frequentei desde 1955. Também tenho um arrependimento – até fazendo um mea-culpa –: penso que é preciso proibir que os ex-presidentes ocupem qualquer cargo público, mesmo que seja cargo eletivo. Nos Estados Unidos, é assim, e eles passam a ter uma função que serve ao País. Então, eu me arrependo. Acho que foi um erro que eu cometi ter voltado, depois de Presidente, à vida pública. Esse arrependimento me trouxe a convicção de que isso é uma das coisas necessáriasAssim como o dia se despede da noite, eu me despeço de ti. Deixo no Senado uma palavra: gratidão. Saio feliz, sem nenhum ressentimento. Ai, meu Senado, tenho saudades do futuro".
Laços de famíglia

No emocionado último discurso no Senado, José Sarney fez elogios ao seu amado Maranhão, que apontou estar na vanguarda do Brasil, ao contrário do que afirmam os críticos.

O que será que papai Sarney achou do fato de o Governo do Estado do Maranhão ter baixado no Diário Oficial do último dia 12, um ato concedendo pensão vitalícia de R$ 24 mil a sua filha Roseana, que foi forçada a renunciar ao governo, em meio a tantos problemas:

“O governador do estado do Maranhão, nas suas atribuições legais, resolve: conceder a Roseana Sarney Murad, ex-governadora do estado do Maranhão, subsídio mensal vitalício, nos termos do art. 45, do Ato de Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Estadual, conforme consta no Processo 0237470/2014 da Casa Civil”.
Onde já se viu?


Diva do Sarney

Já a Presidenta Dilma, cantada em prosa por Sarney no Senado, aproveitou sua diplomação no TSE para defender-se do Petrolão:

"Alguns funcionários da Petrobras, que tem sido e vai continuar sendo o nosso ícone de eficiência, brasilidade e superação, foram atingidos no processo de combate à corrupção. Estamos enfrentando essa situação com destemor e vamos converter a renovação da Petrobras em energia transformadora do nosso País. A Petrobras já vinha passando por um vigoroso processo de aprimoramento de sua gestão. A realidade atual só faz reforçar nossa determinação de implantar na Petrobras a mais eficiente estrutura de governança e controle que uma empresa estatal já teve no Brasil".

Dilma voltou a fazer elogios ao processo da Lava Jato, embora saiba que tudo pode respingar nela e em Luiz Inácio Lula da Silva, se o doleiro Alberto Yousseff e Paulo Roberto Costa resolverem realmente contar o que sabem:

"O saudável empenho de justiça deve também nos permitir reconhecer que a Petrobras é a empresa mais estratégica para o Brasil e que mais contrata e investe no país. Temos que saber apurar e saber punir, sem enfraquecer a Petrobras, sem diminuir sua importância para o presente e para o futuro. Temos que continuar apostando na melhoria da governança da Petrobras, no modelo de partilha para o pré-sal e na vitoriosa política de conteúdo local. Temos que punir as pessoas, não destruir as empresas. Temos que saber punir o crime, não prejudicar o país ou sua economia".

Sem chance

O ministro de DNA petista José Dias Toffoli detonou o PSDB por ter entrado ontem com ação no TSE pedindo a cassação do mandato da presidenta Dilma por abuso de poder político e econômico:

"As eleições de 2014 são uma página virada. Não haverá terceiro turno na Justiça Eleitoral. Que os especuladores se calem, não há espaço para terceiro turno que possa a vir a cassar os votos dos 54 milhões de eleitores".

Além de abusar nos gastos, os tucanos denunciam que a presidenta e o vice-presidente da República "também abusaram do poder econômico — gastando acima do limite inicialmente informado e recebendo doações oficiais de empreiteiras contratadas pela Petrobras como parte da distribuição de propinas".

Palhaçada Política
 
Do irado Kamarada Carlos I. S. Azambuja, pt da vida com as idas e vindas dos petistas no Congresso:

"O Congresso Nacional é um circo! Na terça-feira o presidente da CPMI da Petrobras, deputado Marco Maia, deu por encerrada a comissão com um relatório sem indiciar nenhuma pessoa. Como a Oposição insurgiu-se e ameaçou apresentar um outro relatório, Marco Maia, com  maior cara de pau, no dia seguinte, ontem, apresentou um outro relatório indiciando 52 pessoas e deu a CPMI por encerrada! E ou não é um circo?"

Caro Azamba, chamar de Circo é maldade com os bons palhaços e tantos outros profissionais, que fazem a alegria de tanta gente: o Congresso é uma piada de mau gosto e sem graça, para dizer o mínimo...

Direito e Justiça em Foco


O desembargador Lárcio Laurelli recebe,m no domingo, às 22 horas, na Rede Gospel, Silvio Sanzone.

Que Papai Noel traga seu presentinho...


Mensagem natalina de nosso bravo médico Humberto de Luna Freire Filho:

"Aos parentes, ao amigos pessoais, aos colegas de trabalho, aos amigos virtuais: comunico que a partir de 19 de dezembro, até o dia 10 de janeiro estarei fora de minha "base", portanto, impossibilitado de responder aos mais de trezentos e-mails que recebo diariamente. Desejo a todos um Feliz Natal e um Feliz Ano Novo. Torço que para o bem de todos e felicidade geral da nação, essa MEGAQUADRILHA que tomou conta do poder seja pulverizada o mais rapidamente possível e passe a ser hóspede da PAPUDA".

Paulinho Liberado...


Neste fim de ano, o esquema de bastidores dos petistas conseguiu salvar Maluf, poupar Daniel Dantas e ainda anular a fase inicial do processo contra o Sérgio Sombra - acusado de matar Celso Daniel, o cadáver politicamente insepulto da República Sindicalista do PT.

Difícil procura


Vou de Busão


19 de dezembro de 2014
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.

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