No Rio de Janeiro a coisa está ainda mais feia: a chance de uma pessoa assassinar outra e ser denunciada pelo Ministério Público, com base em inquérito policial no Rio de Janeiro, é de 3,5%, segundo pesquisa realizada em 2012 pelo sociólogo Michel Misse, diretor do Núcleo de Estudos em Cidadania, Conflito e Violência Urbana da UFRJ.
Significa que 96,5 dos responsáveis pelas mortes estão por aí, desfilando no trânsito, nos bares, nas festas, na padaria, nos mercados… Esculhambação total e descaso com as vítimas e com o sofrimento dos seus parentes, ainda vivos. Vale a pena matar.
Diante dessa realidade, de que adiantaria instalar chips em todos os projéteis, conforme está sendo sugerido, se os inquéritos ficarão parados e os homicidas soltos?
Vejam parte de uma reportagem do Correio Braziliense, publicada em 01/10/2012. A notícia é antiga, mas a matança só aumentou no governo Agnelo Queiroz: “De acordo com balanço da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, em 88% das mortes, os suspeitos usaram armas de fogo e em 81% das ocorrências, as vítimas tinham antecedentes criminais, com fotos de frente e de perfil.”
Senhores, o nosso problema é a impunidade! Alguém tinha dúvida de que o assassino do cartunista Glauco voltaria a matar?
COLOCAR CHIPS
Ora, se o objetivo da chipagem for identificar o homicida para colocá-lo na cadeia, então não precisamos gastar dinheiro com isso. Poderíamos começar mandando a polícia de cada Estado cumprir seus respectivos mandados do prisão. Será que algum dia isso acontecerá? Duvido!!!
O que ocorrerá após a chipagem será a mesma coisa que aconteceu com o recadastramento dos celulares. O governo colocou nos cidadãos de bem a culpa da existência de celulares nas prisões e pediu que todos os que possuíssem aparelhos pré-pagos fossem fazer o recadastramento, como uma forma de acabar com esse mal. O que resultou? Nada!
Da mesma forma, para evitar pichações, surgiu o controle de venda de tinta spray. Os culpados da vez pelo emporcalhamento das fachadas das edificações foram os comerciantes, que ficaram obrigados a pedir Identidade para conferir a idade e anotar o RG, a residência e telefone, como se fosse “receita de medicamento controlado”. E o que adiantou? As pichações acabaram?
FALTA DE VAGAS
Então, se podem prender, por que não prendem, se já se sabe quem é o bandido?, perguntaria o ingênuo cidadão de boa-fé.
“Estamos criando uma comissão de trabalho para o gerenciamento dos números de vagas nos presídios e já nos próximos dias teremos uma efetiva resposta”, diria o ocupante de cargo de confiança, ao invés de admitir que sua única providência será apressar a liberação dos alvarás de solturas, para que surjam vagas nos presídios.
Segundo o Conselho Nacional de Justiça, o Brasil tem mais de 192 mil mandados de prisão aguardando cumprimento. Tanto em números absolutos quanto relativos, os estados com as maiores quantidades de mandados de prisão ainda a serem cumpridos pelas polícias são Paraná (30.431), Minas Gerais (28.641) e Goiás (20.885).
Nos três estados, os mandados de prisão em aberto correspondem, respectivamente, a 15,79%, 14,86% e 10,84% do total do País, e as decisões judiciais são descumpridas por não haver lugar para colocar os novos presos.
SOLTANDO OS BANDIDOS
A Secretaria de Segurança Pública de Goiás, por exemplo, quer simplesmente soltar parte dos presos da cidade de Planaltina, porque as duas celas da unidade têm capacidade para 5 detentos, cada uma, mas já abrigam aproximadamente 30.
Mas nenhum candidato falou em construir cadeias para prender os bandidos e soltar o povo. É mais fácil ganhar com os impostos na fabricação e venda de grades e sistemas de segurança!
Quando o governo anuncia alguma medida para conter a violência, está apenas nos fazendo de bestas, pois não existem vagas no sistema carcerário. Só tem bandido sendo preso em flagrante. E depois são soltos sigilosamente, para que a imprensa não noticie e para que a vítimas e os seus parentes não fiquem revoltados.
É PRECISO PRENDER
O fato é que, se os criminosos continuarem soltos, nunca haverá paz no Brasil e, consequentemente, jamais poderemos ser chamados de “país civilizado”, pois a civilidade se mede pelo respeito à vida, e não pelo número de aparelhos eletrônicos nas “celas” em que se transformaram as residências dos cidadãos de bem.
Para ludibriar o povo, de vez em quando aparecem programas como o Plano Nacional de Segurança Pública, feito pelo pomposo Fujimori Henrique Cardoso em 2000, o ano da imolação da professorinha do ônibus 174.
E depois surgiu o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, do governo Lula/Dilma. Mas ambos não passam de duas grandes mentiras, conforme hoje provam e comprovam as estatísticas divulgadas pelos jornais. Os governos jogam para a arquibancada, onde estão os otários de sempre…
12 de dezembro de 2014
Francisco Vieira
Nenhum comentário:
Postar um comentário