A corrupção, que se generalizou no país, além de um crime e de uma série de consequências negativas para a economia brasileira, representa também um forte fator e concentração de renda.
Os números e os personagens identificados até agora comprovam mais este aspecto relevante da questão. Inclusive tem que se considerar a evasão de recursos financeiros e sua remessa para o exterior, através de uma teia costurada por doleiros e movimentada por um sistema bancário não aparente, mas que inevitavelmente será identificado no curso das investigações.
Concentração de renda porque os reflexos da corrupção destinam-se a parcelas minoritárias da sociedade, mas que tem acesso a grandes frações que se movimentam no mundo financeiro.
A prova disso é que apenas dois ex dirigentes da Petrobrás se dispuseram a fazer delações premiadas, através das quais o primeiro prontifica-se a devolver 26 milhões de dólares, o segundo vai mais além: prontifica-se a ressarcir nada menos do que 95 milhões de dólares, fortuna acumulada em pouco mais de seis anos.
De outro lado surgiram informações neste final de semana que o esquema da corrupção, além da Petrobrás, envolvia também 754 projetos de obras públicas, cuja execução encontrar-se-ia na dependência de acertos que, ao que as aparências indicam, montantes de alguns bilhões de reais.
A exportação criminosa de recursos financeiros para o exterior, evidentemente implica na redução dos investimentos que poderiam ser feitos no país e que seguem outros rumos. Esta é outra causa do aumento da concentração de renda, que não se pode medir somente por valores monetários, mas também por obras e serviços que deixam de ser executados nas redes públicas de saúde, transportes, educação, habitação e na segurança especialmente nos centros urbanos.
A FALTA QUE O DINHEIRO FAZ…
Quantos hospitais encontram-se desaparelhados e até desmobilizados por falta de equipamentos essenciais? Podíamos alongar a série de desmobilizações de unidades públicas essenciais a população brasileira, porém o exemplo da saúde é o mais emblemático e acentua bem a triste realidade social que se agrava, em grande parte em decorrência dos recursos sugados pelos corruptos, corruptores, intermediários, lobistas e pelos exportadores do produto bruto da evasão de recursos governamentais.
A economia depende do crescimento do PIB, que se encontra estagnado na casa dos 4 trilhões e 900 bilhões anuais. Neste ano de se aproxima do final, o PIB cresceu abaixo do índice demográfico, segundo o IBGE de 1% ao ano. Para 2015 a previsão do PIB está orçada em 0,8%. Também abaixo do número que marca o aumento populacional pois nascem por ano 2 milhões de brasileiros.
O país, assim, vai enfrentar novas dificuldades no tempo que se inicia, até que a economia volte a desempenhar um processo positivo. Sem ele, não há possibilidade de redistribuição de renda. É preciso, portanto, recuperar sob todos os aspectos os efeitos trágicos da corrupção, que, além de abalar a economia, atinge a sociedade como um todo e os valores éticos sem os quais não há progresso.
12 de dezembro de 2014
Pedro do Coutto
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