O desemprego nos Estados Unidos caiu de 10% para 5,9% nos dois governos de Barack Obama, o Produto Interno Bruto cresceu este ano à taxa de 2,4 pontos, mais que o dobro do índice demográfico, mas o presidente dos EUA perdeu disparado as eleições para a Câmara dos Representantes (Câmara dos Deputados) e Senado.
Qual teria sido a causa, ou quais teriam sido as causas do insucesso nas eleições? O assunto foi bem abordado na reportagem de Raul Juste Lores, correspondente da Folha de São Paulo, em Washington, na edição de quinta-feira 6.
Os republicanos conquistaram 243 cadeiras no total de 435, os democratas perderam 21 assentos. Nove para o Partido Republicano, 12 para os relativamente ao Senado, quando estavam em jogo 36 cadeiras, de 53 para 44; os republicanos saltaram de 45 para 52, conquistando a maioria da Casa. Sobraram 3 independentes e 1 indeciso. Pela primeira vez na história, desde a guerra de secessão (1860-1864), a Carolina do Sul elegeu um senador negro, Tim Scott.
Desta vez, o Partido Republicano foi às telas da propaganda política, às ruas e às urnas, com teses maias liberais do que em pleitos anteriores, derrotando internamente o Tea Party, ala fortemente conservadora. Mas a tradução do episódio não é apenas essa. Existe principalmente uma rejeição ao governo Obama, segundo pesquisas divulgadas antes do pleito, na base de 55 contra 45%. Plebiscitos em vários estados aprovaram a plataforma de aumento do salário mínimo, destaca a matéria.
O Plano Federal de Saúde foi combatido pelos republicanos, da mesma forma que a política externa, no que se refere ao combate ao Jihad (Estado Islâmico) e a concessão de cidadania aos imigrantes que se encontram há muitos anos no país, desde que não possuam antecedentes criminais.
OBAMACARE
Com isso o chamado Obama Care encontrará dificuldades no Congresso, rejeitado mais de uma vez pela Câmara de Representantes, mas aprovado pelo Senado. O Partido Republicano era maioria naquela Casa, mas minoria no Senado, que garantia a liberação das verbas para o programa de saúde aberto a toda população. A partir de agora, o Partido Republicano é majoritário na Câmara e no Senado. Obama – acentua Raul Juste Lores – encontrará dificuldades, embora ´provavelmente será obrigado a usar seu poder de veto em algumas situações que provavelmente serão colocadas pela oposição.
Os bombardeios realizados sobre os centros jihadistas no Iraque e na Síria foram explorados eleitoralmente pela oposição como sinal de que, de uma hora para outra, o envolvimento pode se aprofundar levantando a perspectiva do surgimento de um novo Vietnam, ou uma nova guerra no Iraque, o que levaria à convocação em futuro próximo de jovens, como aconteceu no passado. No passado encontra-se também, embora mais distante, a guerra da Coreia, que começou em 1950 e terminou em 1953. As famílias americanas temem, como é natural, a convocação de seus filhos e netos, como está na memória da população.
Enfim o impasse está colocado esperando soluções de consenso, como o quadro político passou a exigir. O próprio Obama reconheceu isso na entrevista coletiva na noite de 4 de novembro após a verdade confirmada pelas urnas e antecipada pelas pesquisas. Esta noite, disse em tom conciliador, foi republicana.
10 de novembro de 2014
Pedro do Coutto
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