Vaccari, o homem do PT que cobrava 3% de propina sobre tudo o que a Petrobras comprava, vai sair do Conselho de Itaipu. Revistem o homem na saída, que ele pode estar levando uma turbina no bolso.
Atingido pelas denúncias no escândalo da Petrobrás, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, vai deixar o Conselho de Administração da Usina Hidrelétrica de Itaipu, antecipando em um ano e meio o final do seu mandato no cargo. Segundo o presidente do partido, Rui Falcão, o afastamento de Vaccari é uma decisão do governo que se alia a uma vontade do tesoureiro de “se concentrar mais nas atividades” da legenda.
O anúncio da saída é providencial para a campanha de Dilma, desconfortável com os ataques dos adversários contra Vaccari. “Não há nenhuma denúncia comprovada envolvendo o companheiro Vaccari”, afirmou Falcão. O dirigente acrescentou que ele permanece cuidando das contas do PT. “Não há nenhuma razão para substituí-lo.”
Segundo o presidente do PT, Vaccari lhe disse que deixaria Itaipu “antes do surgimento das denúncias infundadas”. O mandato de quatro anos no conselho da Itaipu, para o qual Vaccari foi reconduzido em 17 de maio de 2012, só expiraria em 16 de maio de 2016.
Munição. Apesar de assessores do Planalto acharem que Vaccari deveria mesmo deixar o posto de imediato, a tese é repudiada por outras correntes internas da campanha de Dilma. Há quem ache que isso será uma “confissão de culpa” e que poderá “dar munição” para o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves (PSDB), no debate da TV Globo, na sexta-feira.
No debate da TV Record, no domingo passado, Aécio destacou que Dilma reconheceu que houve desvios na estatal e questionou a presidente se o tesoureiro do PT vai continuar na função de conselheiro de Itaipu após ser citado nas denúncias do ex-diretor Paulo Roberto Costa. Por três vezes, o tucano perguntou a Dilma se ela confiava em Vaccari. O tesoureiro do PT foi acusado pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef de participar de esquema de arrecadação de propina para a sigla.
Falcão prometeu mudanças no partido para o período pós-eleitoral. Disse que as acusações de Aécio Neves à presidente Dilma ao invés de atingi-la, provocaram um “efeito bumerangue”. “A agressividade, as denúncias forjadas, o tom de voz, o menosprezo em relação às mulheres, tudo isso está provocando um efeito inverso ao que ele pretendia. Ele está provando do próprio veneno”, comentou. Questionado se haverá um saneamento do partido por causa das denúncias, Falcão respondeu: “O PT não convive com malfeitos e atos de corrupção”.
(Estadão)
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