Mal apoiada no selim, a gorda quer tentar manobras radicais.
O pneu está murcho e o guidon, untado de margárina.
O equilíbrio é instável. O bocó de franjinha pintou uma ciclofaixa dentro de uma feira livre. Teve que desviar. Evitou a praça da bandeira e as lembranças das chanchadas nacionais; os seus títulos eram muito sugestivos : “Toco cru pegando fogo” , “Eu mato quem pegou minha cueca pra fazer pano de prato”, etc.
No momento está tentando subir a alameda Ministro Rocha Azevedo, desde a rua Estados Unidos até a avenida Paulista.
A bicicleta tem marchas. Por engano engatou a marcha à_ré. Na altura da rua Barão de Capanema, restos de frutos do mar de fim de feira, fizeram a engenhoca escorregar e provocaram sua queda. Culpa das “zelites” que ainda mantém o habito medieval de ir às feiras de rua.
Já esfalfada, no trecho entre as alamedas Itu e Jaú, pensou ter ouvido um insulto dos “hermanos”: A la mierda TCU.
Já esfalfada, no trecho entre as alamedas Itu e Jaú, pensou ter ouvido um insulto dos “hermanos”: A la mierda TCU.
Um pouco mais acima, esqueceu que era atéia e rezou pela alameda Santos até (Ah ! não...) a rua Cubatão. Foi socorrida por suas colegas: Meméia e Alcéia. Mesmo assim não conseguiu chegar ao Paraíso.
24 de outubro de 2014
Carlos Maurício Mantiqueira é um livre pensador.
Nenhum comentário:
Postar um comentário