"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

DILMA E AS CABEÇAS CORTADAS

CONTRA DILMA MIOLO MOLE, VOTO AÉCIO 45

Presidente propõe diálogo com terroristas que, para convencer, degolam, crucificam e estupram

Uma qualidade não se deve negar a Dilma Rousseff: é transparente. Não por virtude, mas por falta de talento; não por convicção, mas por falta de imaginação; não por apreço à verdade, mas por falta de discernimento. A entrevista que ela concedeu na terça (23) --em que censurou os ataques dos EUA e aliados às bases do Estado Islâmico-- e o discurso feito na abertura da Assembleia Geral da ONU, na quarta, em que reafirmou esse ponto de vista, restarão como ilustrações da miséria sincera a que chegou a política externa brasileira sob o petismo.

E olhem, se me permitem a digressão, que este que escreve nunca foi vítima do "oba-obamismo". Ao contrário. O agora presidente dos EUA, quando ainda candidato, já me parecia um faroleiro enfatuado, um "poser", um produto mal-acabado do marketing. Se alguém tiver a paciência de escarafunchar o meu blog, encontrará lá algumas antevisões do desastre que este senhor provocaria no Oriente Médio e áreas próximas. Sempre considerei que Obama ainda faria George W. Bush parecer um homem sensato. Infelizmente, as minhas piores expectativas se cumpriram.

O leitor que fizer a pesquisa irá constatar que nunca acreditei numa "Primavera Árabe"; que sustentei que o Egito, sem Mubarak, se tornaria ou uma tirania islâmica ou retornaria à ditadura militar; que, à queda de Gaddafi, na Líbia, sobreviria o caos terrorista no Sahel; que flertar com a deposição do carniceiro (claro que é!) Bashar al-Assad, na Síria, abriria as portas do inferno.

Por razões várias, eu havia dedicado parte do meu tempo imberbe --numa adesão extemporânea a Camus na briga com Sartre-- à leitura sobre os desastres que se sucederam ao fim do colonialismo francês na Argélia. A democracia e a razão não caem da árvore da vida, como a lei da gravidade. Esta, para existir, independe da nossa adesão a seus fundamentos --maçãs continuarão a ser atraídas pelo chão. As outras duas são construções valorativas. Existe um lugar para o indivíduo no Islã? Então me mostrem! Fim da digressão.

Ainda que Dilma, então, fosse movida por um ceticismo prudente sobre a eficácia dos ataques às bases terroristas do Estado Islâmico, outra deveria ser a sua fala. Criticar a ação militar em nome do "diálogo" ultrapassa a linha que caracteriza a delinquência intelectual, política e moral. A presidente conferiu o status de interlocutores aceitáveis a terroristas que adotam como método de convencimento a degola, a crucificação e o estupro.

Com quem Dilma gostaria de dialogar? Ela se sentaria à mesa com o "califa" Abu Bakr al-Baghdadi, um autoproclamado descendente do profeta Maomé, criminoso contumaz que só está em liberdade em razão de um imperdoável cochilo das forças americanas no Iraque, que o fizeram prisioneiro em 2004 e depois o libertaram? Deve-se conferir a esse facínora o status de chefe de Estado, de quem se espera e ao qual se fazem concessões, como numa negociação convencional qualquer?

Enquanto Dilma discursava na ONU, um grupo ligado ao Estado Islâmico divulgava um vídeo com uma nova decapitação --desta vez, na Argélia, aquela mesma da minha juventude cética. Dilma é uma mulher convicta. Não é do tipo que permite que os fatos conspurquem seus princípios.


29 de setembro de 2014
Reinaldo Azevedo, Folha de SP

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