Recuo na projeção de inflação para 2014 é resultado da queda no consumo, não da ação do governo
Sem motivo, os inquilinos do Palácio do Planalto estão a comemorar a decisão do mercado financeiro nacional de reduzir a projeção da inflação oficial para 2014.
De acordo com o Boletim Focus, do Banco Central, que consulta os economistas das principais instituições financeiras em atividade no País, a inflação deve fechar o corrente ano em 6,26%, contra 6,39% da previsão anterior. Essa queda se deve ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que em junho ficou próximo de zero (0,01%).
Com o recuo, o principal fantasma da economia distanciou-se do teto de 6,5% do plano de metas estabelecido pelo governo federal. Contudo, para 2015 a expectativa dos economistas dos para o IPCA saltou de 6,24% para 6,25%, quarta elevação consecutiva.
O mercado financeiro também reduziu as expectativas de crescimento da economia brasileira em 2015, apostando em avanço do Produto Interno Bruto (PIB) na casa de 1,20%, contra 1,50% da previsão da semana anterior. O que mostra que o futuro verde-louro não será sombrio, como vem anunciando a presidente Dilma Rousseff, que está em franca campanha pela reeleição.
Em relação ao PIB deste ano, a previsão dos especialistas recuou pela décima primeira semana consecutiva. Os economistas consultados pelo BC apostam em crescimento de 0,81% da economia em 2014, contra 0,86% da estimativa anterior.
Apesar de ter se distanciado do teto da meta, a inflação oficial está muito elevada se considerado o fraco desempenho da economia do País. O recuo das previsões para a inflação se deve não por alguma ação do desgoverno petista, mas porque a população está reduzindo de forma paulatina o consumo. Com esse novo comportamento do consumidor, que está amedrontado em relação ao futuro, os setores varejista e de prestação de serviços se viram obrigados a reduzir os preços, o que não significa que haverá uma retomada do consumo.
Endividada acima do limite e enfrentando os efeitos colaterais da inadimplência, a população do País passou a consumir somente o necessário, além de ter mudado os hábitos de compra. O novo cenário compromete sobremaneira a aposta equivocada e míope do Palácio do Planalto, que continua acreditando que o incentivo ao consumo é o único antídoto contra uma crise econômica que só faz crescer.
Não obstante, essa mudança de hábito do consumidor poderá levar o Estado como um todo a uma crise na arrecadação tributária, uma vez que a redução na comercialização de mercadorias e contratação de serviços gera menos impostos. Com isso, estados e municípios poderão enfrentar sérias dificuldades para fechar as contas, enquanto outros terão problemas nas previsões de investimentos.
12 de agosto de 2014
ucho.info
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