SÃO PAULO - A entrada de Marina Silva na corrida eleitoral muda tudo? Nem tanto. É verdade que o advento da candidata ambientalista parece assegurar que haverá segundo turno e pode tirar Aécio Neves do escrutínio final. A questão macro, porém, é um pouco diferente.
Em regimes presidencialistas com reeleição, a vantagem de quem está no poder é tamanha que não é a oposição que ganha pleitos, mas a situação que eventualmente os perde. Sob esse prisma, as coisas mudaram bem menos do que aparentam.
Desde os protestos de junho do ano passado, que ceifaram a popularidade da presidente Dilma Rousseff, ficou claro que a reeleição não seria mais o passeio que se afigurava até então. Dali para cá, com alguns morros e vales, Dilma vinha conseguindo manter a liderança nas pesquisas, mas sempre assombrada por uma forte rejeição a seu nome e por um número persistentemente alto de eleitores indecisos ou dispostos a anular seu voto.
A maioria dos analistas apontava que os candidatos da oposição ainda não haviam conseguido tornar-se conhecidos fora de suas bases nem capitalizar o difuso sentimento pró-mudança. Era razoável, entretanto, esperar que, ao longo da campanha, melhorariam suas posições.
O que a súbita chegada de Marina fez foi acelerar --e talvez vitaminar-- um processo que já ocorreria naturalmente. Reforça essa interpretação a importante queda no total de indecisos e dos que planejavam votar nulo ou branco, cuja soma baixou de 27%, na pesquisa Datafolha anterior para 17% na mais recente.
O quadro geral, portanto, permanece mais ou menos o mesmo: embora o PT ainda seja o favorito, há uma chance considerável de o partido perder a eleição e, neste caso, Aécio e Marina disputam os despojos do poder. A verdade --algo contraintuitiva, admito-- é que campanhas importam menos do que se apregoa. Volto ao assunto nos próximos dias.
Em regimes presidencialistas com reeleição, a vantagem de quem está no poder é tamanha que não é a oposição que ganha pleitos, mas a situação que eventualmente os perde. Sob esse prisma, as coisas mudaram bem menos do que aparentam.
Desde os protestos de junho do ano passado, que ceifaram a popularidade da presidente Dilma Rousseff, ficou claro que a reeleição não seria mais o passeio que se afigurava até então. Dali para cá, com alguns morros e vales, Dilma vinha conseguindo manter a liderança nas pesquisas, mas sempre assombrada por uma forte rejeição a seu nome e por um número persistentemente alto de eleitores indecisos ou dispostos a anular seu voto.
A maioria dos analistas apontava que os candidatos da oposição ainda não haviam conseguido tornar-se conhecidos fora de suas bases nem capitalizar o difuso sentimento pró-mudança. Era razoável, entretanto, esperar que, ao longo da campanha, melhorariam suas posições.
O que a súbita chegada de Marina fez foi acelerar --e talvez vitaminar-- um processo que já ocorreria naturalmente. Reforça essa interpretação a importante queda no total de indecisos e dos que planejavam votar nulo ou branco, cuja soma baixou de 27%, na pesquisa Datafolha anterior para 17% na mais recente.
O quadro geral, portanto, permanece mais ou menos o mesmo: embora o PT ainda seja o favorito, há uma chance considerável de o partido perder a eleição e, neste caso, Aécio e Marina disputam os despojos do poder. A verdade --algo contraintuitiva, admito-- é que campanhas importam menos do que se apregoa. Volto ao assunto nos próximos dias.
20 de agosto de 2014
Hélio Schwartsman, Folha de SP
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