Nem produzindo e refinando mais petróleo a Petrobrás consegue melhorar seu desempenho financeiro, como mostram os resultados do primeiro semestre deste ano, na comparação com os da primeira metade de 2013. O lucro líquido do período, que alcançou R$ 10,4 bilhões, foi 25% menor do que o do período janeiro-junho do ano passado. Dominada politicamente pelo governo do PT - e por isso submetida a um regime de controle de preços que lhe impõem custos cada vez mais insuportáveis e, ainda assim, obrigada a executar um ambicioso programa de investimentos -, a estatal não poderia produzir resultados muitos melhores do que os que vem apresentando. Ou seja, com perdas para os investidores e para o País.
Com o objetivo de conter as pressões inflacionárias, em boa parte decorrentes da inconsistência de sua política econômica e da fragilidade de sua política fiscal, o governo Dilma Rousseff vem segurando os preços dos combustíveis para os consumidores. Essa política, ou antipolítica, tarifária vem causando prejuízos bilionários para a empresa na área de abastecimento. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, essa área registrou prejuízo de R$ 8,6 bilhões, 29% maior do que na primeira metade de 2013.
A empresa chegou a uma situação tal que, quanto mais refina e vende gasolina e óleo diesel, além de outros derivados, mais tende a perder dinheiro, pois o preço cobrado nas bombas não é suficiente para cobrir os custos de produção. E vem refinando mais petróleo. No entanto, como sua capacidade de refino ficou estagnada nos últimos anos, está sendo obrigada a utilizá-la num nível acima do recomendável. Como ela própria reconheceu, o processamento em seu parque de refino no segundo trimestre de 2014 alcançou 98% da capacidade instalada, 2 pontos porcentuais acima do registrado nos três primeiros meses do ano. É um nível de utilização que pode dificultar a manutenção indispensável para reduzir os riscos de interrupção das operações ou de acidentes.
Mesmo assim, por causa dos fortes estímulos do governo petista à venda de automóveis, o consumo interno de combustíveis vem crescendo num ritmo que a Petrobrás não tem mais condições de acompanhar com sua produção própria, o que a tem forçado a importar derivados, sobretudo gasolina, pelos quais paga em dólares ao preço internacional e é obrigada a vender a preços controlados pelo governo - e insuficientes para cobrir seus gastos.
A área de abastecimento é a principal responsável pela geração dos recursos para os investimentos da Petrobrás - e também pela geração dos resultados financeiros para os acionistas. Em crise, como mostram os números recentes, ela não tem gerado os recursos suficientes para sustentar o bilionário programa de investimentos da empresa na área de exploração, cuja ação está concentrada no pré-sal. No primeiro semestre, os investimentos foram 6% menores do que os do mesmo período de 2013.
Sem gerar recursos suficientes, a Petrobrás vem procurando no mercado financeiro o capital de que necessita para sustentar seus investimentos. O resultado é a expansão da dívida em ritmo acelerado. No fim do primeiro semestre, a dívida líquida da Petrobrás correspondeu a 3,94 vezes sua capacidade de geração de resultados (conhecida como Ebtida, que corresponde ao lucro antes do pagamento de impostos e juros e do lançamento contábil de depreciações e amortizações), acima do índice de 3,52 registrado no fim do primeiro trimestre e muito superior ao considerado ideal pela diretoria da empresa, de 2,5 vezes.
Com a concentração de investimentos no pré-sal, a produção nessa área alcançou o recorde de 542 mil barris em julho. Mas, com a redução dos investimentos nas áreas já em exploração, sua decadência se acelerou, ocasionando a queda mais rápida de sua produção.
Os problemas que a empresa enfrenta para explicar o ruinoso negócio da compra da Refinaria de Pasadena, no Texas - se explicações há para isso -, são a face política de uma crise que já era aguda nos planos administrativo e operacional.
Com o objetivo de conter as pressões inflacionárias, em boa parte decorrentes da inconsistência de sua política econômica e da fragilidade de sua política fiscal, o governo Dilma Rousseff vem segurando os preços dos combustíveis para os consumidores. Essa política, ou antipolítica, tarifária vem causando prejuízos bilionários para a empresa na área de abastecimento. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, essa área registrou prejuízo de R$ 8,6 bilhões, 29% maior do que na primeira metade de 2013.
A empresa chegou a uma situação tal que, quanto mais refina e vende gasolina e óleo diesel, além de outros derivados, mais tende a perder dinheiro, pois o preço cobrado nas bombas não é suficiente para cobrir os custos de produção. E vem refinando mais petróleo. No entanto, como sua capacidade de refino ficou estagnada nos últimos anos, está sendo obrigada a utilizá-la num nível acima do recomendável. Como ela própria reconheceu, o processamento em seu parque de refino no segundo trimestre de 2014 alcançou 98% da capacidade instalada, 2 pontos porcentuais acima do registrado nos três primeiros meses do ano. É um nível de utilização que pode dificultar a manutenção indispensável para reduzir os riscos de interrupção das operações ou de acidentes.
Mesmo assim, por causa dos fortes estímulos do governo petista à venda de automóveis, o consumo interno de combustíveis vem crescendo num ritmo que a Petrobrás não tem mais condições de acompanhar com sua produção própria, o que a tem forçado a importar derivados, sobretudo gasolina, pelos quais paga em dólares ao preço internacional e é obrigada a vender a preços controlados pelo governo - e insuficientes para cobrir seus gastos.
A área de abastecimento é a principal responsável pela geração dos recursos para os investimentos da Petrobrás - e também pela geração dos resultados financeiros para os acionistas. Em crise, como mostram os números recentes, ela não tem gerado os recursos suficientes para sustentar o bilionário programa de investimentos da empresa na área de exploração, cuja ação está concentrada no pré-sal. No primeiro semestre, os investimentos foram 6% menores do que os do mesmo período de 2013.
Sem gerar recursos suficientes, a Petrobrás vem procurando no mercado financeiro o capital de que necessita para sustentar seus investimentos. O resultado é a expansão da dívida em ritmo acelerado. No fim do primeiro semestre, a dívida líquida da Petrobrás correspondeu a 3,94 vezes sua capacidade de geração de resultados (conhecida como Ebtida, que corresponde ao lucro antes do pagamento de impostos e juros e do lançamento contábil de depreciações e amortizações), acima do índice de 3,52 registrado no fim do primeiro trimestre e muito superior ao considerado ideal pela diretoria da empresa, de 2,5 vezes.
Com a concentração de investimentos no pré-sal, a produção nessa área alcançou o recorde de 542 mil barris em julho. Mas, com a redução dos investimentos nas áreas já em exploração, sua decadência se acelerou, ocasionando a queda mais rápida de sua produção.
Os problemas que a empresa enfrenta para explicar o ruinoso negócio da compra da Refinaria de Pasadena, no Texas - se explicações há para isso -, são a face política de uma crise que já era aguda nos planos administrativo e operacional.
20 de agosto de 2014
Editorial O Estadão
Nenhum comentário:
Postar um comentário