"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O PT MOSTRA QUE TEM GABARITO

A mídia golpista está de novo chateando o governo popular. Só porque os missionários do PT no Planalto, no Congresso e na Petrobras foram flagrados montando uma farsa na CPI da estatal, essa imprensa burguesa que não tem mais o que fazer está novamente com manchetes escandalosas.
Parece até que não conhece o modus operandi de Dilma, Lula e companhia.

Para um governo que forja suas próprias contas - a céu aberto, para todo mundo ver, qual o problema em forjar uma sessão de CPI? Nada de novo no front.
O problema, esse sim escandaloso, não está na encenação, mas no palco.

O Brasil assistiu - sonolento, como sempre - ao sepultamento da CPI do Cachoeira em 2013. Três meses depois, os brasileiros inundaram as ruas para um basta contra alguma coisa que eles não sabiam (não sabem) o que era.
Nem um único pedestre, ativista, ninja ou mascarado fez alguma pálida referência ao escândalo. Tratava-se de uma conexão mafiosa entre um mega bicheiro e uma mega empreiteira - a escolhida pelo governo popular para fazer a maior parte das obras do PAC.
A Primavera Burra não viu que o Caso Cachoeira, se devidamente investigado com o clamor das ruas, passaria a limpo boa parte da República.

Mas é perda de tempo falar de manifestações que hoje discutem se os pimpolhos incendiários podem ou não tramar em liberdade a explosão da cabeça do próximo inocente.
Os novos donos do Brasil - os milionários imperadores do oprimido - sabem bem que nenhum lunático tranca-ruas desses corre o menor risco de entender o truque da elite vermelha. Por isso, a CPI do Cachoeira descansa em paz.
Ela havia sido fomentada por Lula para atingir adversários do PT. Quando o oráculo viu que o caldo entornaria para dentro de casa, mandou parar a brincadeira. Nada como um líder.

E assim caminhava também a CPI da Petrobras, montada carinhosamente pelo governo com todas as cartas marcadas, para morrer a quilômetros da praia.
A CPI do Cachoeira ainda tinha tido momentos insalubres, com o companheiro Collor, escalado por Dilma, Lula e Sarney para babar seu ódio contra a imprensa e tentar jogar areia nos olhos da opinião pública (como se precisasse).

Na CPI da Petrobras, não foi preciso nada disso. Trabalho limpo, manipulação governista tranquila, maioria anestésica garantida - ninguém sabe, ninguém viu doleiro nenhum, muito menos ouviu falar onde fica Pasadena.

Mais um escândalo posto magistralmente em banho-ma-ria pelos companheiros, só esperando que a chegada da Copa do Mundo lhe desse o golpe de misericórdia - natural e indolor.
Nem o mau humor dos 7 a 1 vexatórios lembrou ao distinto público a central de negociatas em que foi transformada a maior empresa brasileira. Tudo corria normalmente, até que surge a denúncia bombástica: os depoentes que responderam sobre a Petrobras na CPI são acusados de receber previamente as perguntas que lhes foram feitas pelos integrantes da Comissão.

A farsa em si não tem problema nenhum. Desde que o Brasil reelegeu Lula alegremente com o mensalão nas costas, a farsa está liberada. A CPI da Petrobras já era uma farsa antes da farsa, infestada de companheiros para não investigar nada.
É como se você tivesse comprado o professor para lhe dar nota 10, depois montasse outro golpe para roubar o gabarito da prova! Tudo bem que sua vocação para o roubo seja forte, mas por que se arriscar tanto?

O caso do gabarito das questões da CPI para dirigentes da Petrobras é incrível, porque ali todos são índios da mesma tribo: perguntadores e perguntados servem à missão suprema de preservar o projeto de sucção do PT ao reeleger Dilma Rousseff. Essa operação para marcar as cartas já marcadas é, portanto, altamente intrigante.
Um bom investigador diria, sem piscar: ainda há algum segredo valioso nessa história. Ainda bem que esse investigador não existe. O trabalho vai sobrar de novo para a imprensa burguesa, coitada. Como exploram essa elite branca.

É sempre um espetáculo assistir à ação coordenada do PT entre empresa estatal, Congresso e Palácio - naquilo que o ministro do Supremo Luís Roberto Barroso já explicou que não é quadrilha.
Seja qual for o nome do esquema, tem a chance de chegar à perfeição se Dilma for reeleita. 

11 de agosto de 2014
Guilherme Fiuza, Revista Época

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