"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

FALANDO EM LIVROS, HÁ IDIOTAS NO MUNDO INTEIRO

FALANDO EM LIVROS, HÁ IDIOTAS NO MUNDO INTEIRO

Lançado em abril, Adultério, de Paulo Coelho, já vendeu 65.000 exemplares no Brasil e 140.000 na França.
 
Alguém, que não seja leitor exclusivo das revistas Contigo e Capricho, compraria um livro chamado “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?”?

Pois é, esse livro caiu em minhas mãos porque sou um emérito fuçador de lixo. Isso mesmo, lixo. Outro dia, voltando da praia e aproveitando para fazer um exerciciozinho subindo as escadas de serviço do meu prédio, dei de cara com uma pilha de livros e revistas postos no corredor para irem para o lixo. Como eu tenho verdadeiro ódio de ver livros jogados fora, tratei de levá-los para casa, nem que fosse para dar um fim condigno a eles - para desespero da minha mulher, que pena com essas minhas manias.

E não é que para meu espanto e alegria havia uns dez livros “aproveitáveis” e que eu não havia lido ainda, incluindo uma relíquia sobre a obra de Camões? Havia Verissimo, Marcelo Rubens Paiva, Suassuna, Guilherme Figueiredo... Maravilha! Separei os que me interessavam e doei os outros a um bazar de caridade que existe aqui perto. Só que antes de doar o tal “Por que os homens(...)”, resolvi dar uma olhada para ver do que se tratava, afinal, para quem já leu Paulo Coelho, qualquer merda é livro.

Ao abrir a primeira página notei que a editora Sextante fez uma sacanagem. O livro em sua versão original chama-se “Why Men Don’'t Listen and Women Can’t Read Maps” - de Allan Pease e Barbara Pease -, algo como “por que homens não prestam atenção e mulheres não conseguem ler mapas”. Bem diferente de sexo e amor, não é mesmo?

Notei também que o livro estava “virgem”, sem sinais de leituras anteriores. Bom, pensei, quem lê Camões, obviamente não vai ler uma porcaria dessas. Mesmo assim prossegui a leitura e, para meu espanto, quando fui me dar conta estava na página 50! O livro é uma coletânea de pesquisas científicas sobre neurologia, antropologia, sociologia e psicologia, explicadas de maneira absolutamente concatenada, a respeito das diferenças do comportamento de homens e mulheres, desde a Idade da Pedra. E tem um “pique” muito bom.

Ontem, li até a página cem, sem que o livro perdesse seu ritmo de revelações interessantíssimas e surpreendentes, tanto que algumas me obrigaram a dar uma “googleada” para certificar sua veracidade.

Não sei se os donos da editora Sextante ficaram felizes ao dar esse título apelativo ao livro - já que foram vendidas 300 mil cópias - porque quem procura por uma razão no nível da revista Contigo para homens fazerem sexo e mulheres amor, não vai conseguir passar da página dez e quem procura por um assunto tão interessante não vai comprar o livro por causa do título “contigueano”. Enfim, atiraram no que viram e mataram o que não viram.
 
02 de julho de 2014

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