BRASÍLIA - Os ingratos estão mais aliviados com a subida do tucano Aécio Neves na pesquisa Datafolha, mas até por isso mesmo ficaram mais preocupados com a radicalização do discurso do ex-presidente Lula, que só tende a aumentar.
A esperança dos ingratos era que Lula, mais pragmático e menos ideológico do que sua criatura, seguisse sinalizando que um segundo mandato de Dilma seria diferente, corrigindo os erros do primeiro.
Só que tanto Lula como Dilma, para reagir nas pesquisas, subiram o tom das críticas e passaram a indicar que podem dobrar a aposta no modelo atual, que resultou em crescimento baixo e inflação alta.
Um conhecedor da alma lulista partilha do mesmo receio, mas diz que o ex-presidente Lula, neste momento, exatamente por ser pragmático, não tinha outro caminho.
Já não é mais o caso de discutir os rumos do governo atual, que está no fim --ao qual Lula segue criticando-- mas de salvar o projeto de poder do seu partido, PT, que está em risco exatamente pelo fraco desempenho do governo de sua criatura.
Aí, se a saída é radicalizar o discurso, Lula não pensa duas vezes. E vai continuar tachando empresários e banqueiros de ingratos. Afinal, diz o ex-presidente, eles lucraram e muito graças aos governos petistas, mas não dão demonstrações de gratidão neste momento de dificuldades.
Os mesmos empresários que procuram o petista para se queixar da Dilma intervencionista e que, a portas fechadas, não são rotulados de ingratos. Pelo contrário, ganham o agradecimento pelos fartos patrocínios de viagens e palestras.
Só que a dúvida está no ar. O receio maior nem é em relação a Lula. Reeleita, Dilma pode se sentir livre de qualquer tipo de compromisso com seu criador e aprofundar seu estilo, sem fazer autocríticas.
Afinal, ela terá sido reeleita muito mais pelo que fez, certo ou errado, em seu governo, e não pela força de Lula, como ocorreu em 2010.
A esperança dos ingratos era que Lula, mais pragmático e menos ideológico do que sua criatura, seguisse sinalizando que um segundo mandato de Dilma seria diferente, corrigindo os erros do primeiro.
Só que tanto Lula como Dilma, para reagir nas pesquisas, subiram o tom das críticas e passaram a indicar que podem dobrar a aposta no modelo atual, que resultou em crescimento baixo e inflação alta.
Um conhecedor da alma lulista partilha do mesmo receio, mas diz que o ex-presidente Lula, neste momento, exatamente por ser pragmático, não tinha outro caminho.
Já não é mais o caso de discutir os rumos do governo atual, que está no fim --ao qual Lula segue criticando-- mas de salvar o projeto de poder do seu partido, PT, que está em risco exatamente pelo fraco desempenho do governo de sua criatura.
Aí, se a saída é radicalizar o discurso, Lula não pensa duas vezes. E vai continuar tachando empresários e banqueiros de ingratos. Afinal, diz o ex-presidente, eles lucraram e muito graças aos governos petistas, mas não dão demonstrações de gratidão neste momento de dificuldades.
Os mesmos empresários que procuram o petista para se queixar da Dilma intervencionista e que, a portas fechadas, não são rotulados de ingratos. Pelo contrário, ganham o agradecimento pelos fartos patrocínios de viagens e palestras.
Só que a dúvida está no ar. O receio maior nem é em relação a Lula. Reeleita, Dilma pode se sentir livre de qualquer tipo de compromisso com seu criador e aprofundar seu estilo, sem fazer autocríticas.
Afinal, ela terá sido reeleita muito mais pelo que fez, certo ou errado, em seu governo, e não pela força de Lula, como ocorreu em 2010.
14 de maio de 2014
Valdo Cruz, Folha de SP
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