Jovem ainda, servindo no Superior Tribunal Militar com o almirante Benjamin Sodré de 1953 a 1954, vi, ouvi e li muita coisa sobre os trágicos acontecimentos da morte de Getúlio Vargas. Posso assegurar: se tudo o que escreveram ou disseram e dizem sobre Gregório Fortunato fosse verdade, algum escritor já teria escrito um livro mostrando os documentos encontrados em seu arquivo.
Lacerda publicou muita mentira, repercutida por outros órgãos de imprensa, que chegavam ao conhecimento de Getúlio e, naquele clima, ele não tinha como confirmar ser verdade ou não.
Gregório Fortunato nunca comprou fazenda. O documento era uma promessa de venda feita por um filho de Getúlio de uma fazenda de sua propriedade (do filho), sobre um empréstimo para fazer uma viagem a Europa. O resto dos documentos eram pedidos para transferência de professora tal para tal cidade. Pedidos para que ele falasse sobre alguma coisa de interesse em algum órgão do governo. (Gregório não tinha condição de falar nada dessas coisas com Getúlio, que zelava por sua autoridade).
A UDN jamais deixaria esses documentos arquivados na Aeronáutica sem publicá-los. A fama que Gregório tinha de intermediar alguma coisa no governo era muito menor do que os reacionários e golpistas diziam. Lendo o que foi dito por Gregório na acareação feita pelo coronel Adil entre ele e Euvaldo Lodi, você chega a conclusão que Gregório foi induzido a “dar um jeito naquele indivíduo” que com suas acusações estava pondo em risco a vida do presidente.
O pistoleiro foi contratado para dar um tiro na perna de uma pessoa em Volta Redonda, o que não aconteceu porque o carro enguiçou. Depois tentaram dar o tal tiro na perna de Lacerda no Colégio São José, na Tijuca. Como não deu certo, foram para a residência de Lacerda, onde morreu Rubens Vaz. Naquele ano de 1954, Helio Fernandes ainda não estava na Tribuna.
Quanto à humilhação que Getúlio temia, era verdadeira. E aceita licenciar-se, desde que as instituições fossem respeitadas. Recebe um aviso de que seu Ministro da Guerra dissera aos oficiais: “Getúlio não volta”. Ele concluiu que estava deposto; poderia ser preso, interrogado, humilhado. Em 1945, eles, os mesmos, não tiveram moral para prendê-lo, cassar seus direitos políticos. Agora era diferente: tinha o cadáver de um oficial da Aeronáutica.
Além de tudo, devia ser levado em conta que dona Darcy Vargas tinha sido interrogada pelo coronel Adil, no apartamento de uma amiga. Ele queria interrogá-la no Palácio do Catete. (Poucos sabem desse detalhe, dito e escrito por Lutero Vargas seu filho). Os fatos são verdadeiros. Mas as versões são muitas, atendem a todos os gostos.
05 de maio de 2014
Antonio Santos Aquino
Lacerda publicou muita mentira, repercutida por outros órgãos de imprensa, que chegavam ao conhecimento de Getúlio e, naquele clima, ele não tinha como confirmar ser verdade ou não.
Gregório Fortunato nunca comprou fazenda. O documento era uma promessa de venda feita por um filho de Getúlio de uma fazenda de sua propriedade (do filho), sobre um empréstimo para fazer uma viagem a Europa. O resto dos documentos eram pedidos para transferência de professora tal para tal cidade. Pedidos para que ele falasse sobre alguma coisa de interesse em algum órgão do governo. (Gregório não tinha condição de falar nada dessas coisas com Getúlio, que zelava por sua autoridade).
A UDN jamais deixaria esses documentos arquivados na Aeronáutica sem publicá-los. A fama que Gregório tinha de intermediar alguma coisa no governo era muito menor do que os reacionários e golpistas diziam. Lendo o que foi dito por Gregório na acareação feita pelo coronel Adil entre ele e Euvaldo Lodi, você chega a conclusão que Gregório foi induzido a “dar um jeito naquele indivíduo” que com suas acusações estava pondo em risco a vida do presidente.
O pistoleiro foi contratado para dar um tiro na perna de uma pessoa em Volta Redonda, o que não aconteceu porque o carro enguiçou. Depois tentaram dar o tal tiro na perna de Lacerda no Colégio São José, na Tijuca. Como não deu certo, foram para a residência de Lacerda, onde morreu Rubens Vaz. Naquele ano de 1954, Helio Fernandes ainda não estava na Tribuna.
Quanto à humilhação que Getúlio temia, era verdadeira. E aceita licenciar-se, desde que as instituições fossem respeitadas. Recebe um aviso de que seu Ministro da Guerra dissera aos oficiais: “Getúlio não volta”. Ele concluiu que estava deposto; poderia ser preso, interrogado, humilhado. Em 1945, eles, os mesmos, não tiveram moral para prendê-lo, cassar seus direitos políticos. Agora era diferente: tinha o cadáver de um oficial da Aeronáutica.
Além de tudo, devia ser levado em conta que dona Darcy Vargas tinha sido interrogada pelo coronel Adil, no apartamento de uma amiga. Ele queria interrogá-la no Palácio do Catete. (Poucos sabem desse detalhe, dito e escrito por Lutero Vargas seu filho). Os fatos são verdadeiros. Mas as versões são muitas, atendem a todos os gostos.
05 de maio de 2014
Antonio Santos Aquino
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