Ao afirmar que se encontra plenamente consciente da lealdade do ex-presidente Lula a ela, no jantar que ofereceu no Alvorada aos editores das paginas esportivas, a presidente Dilma Rousseff decidiu reagir pública e diretamente ao movimento articulado em certos bastidores contra sua candidatura a reeleição, como também para cobrar o compromisso assumido recentemente em favor de seu nome.
Assim desestimulou seu antecessor e grande eleitor a dar ouvidos a políticos motivados a afastá-la do posto. A melhor matéria sobre o assunto, sem duvidas, foi de Natuza Nery e Aguirre Talento, manchete principal da Folha de São Paulo, edição de 30 de abril. Importante também o texto de Marceu Vieira, publicado no Globo.
Com isso, Dilma Rousseff procurou conter e isolar seus adversários dentro do PT e do PR, algo politicamente muito desejado pelo PMDB, que sente crescer sua importância eleitoral na base aliada, principalmente para ocupar o espaço dos descontentes. Política é assim.
Mas o tempo está correndo, o que é fundamental. Exatamente por tal motivo é que a corrente dilmista convocou a manifestação de sexta-feira, no sentido de implantar um clima de pré-convocação.
E por falarem em convenção, verifica-se lendo-se o artigo 8 da lei 9.504/97, Lei Eleitoral, que o prazo para as convenções partidárias destinadas à escolha dos candidatos (e das candidatas) está fixado para o período entre 10 a 30 de junho. Pode ser antecipado se o estatuto dos partidos preverem data anterior. Quer dizer : o processo pode ser antecipado. Nunca adiado.
Não há tempo, portanto, para uma mudança tão radical quanto a de Lula entrar em campo no lugar de Dilma Rousseff. Sobretudo porque, pela reportagem da Natuza Nery e Aguirre Talento, o estatuto do PT assinala que a convenção se efetue a 29 de junho, dentro do prazo legal. Não importa a queda da atual presidente da Republica nas pesquisas.
A legenda e a chamada base aliada têm que ir com ela. Não há outro jeito. Exceto para o Instituto MDA, que realizou levantamento para a Confederação Nacional dos Transporte, Dilma desceu, mas Aécio Neves e Eduardo Campos não subiram.
OS NÚMEROS
Vamos comparar os números mais recentes. O Datafolha apontou 38 pontos para Rousseff, 16 para Aécio, 10 por cento para Eduardo Campos. O Ibope achou 37 para Dilma, 14 para Aécio, apenas 6 pontos para Eduardo Campos. Agora o MDA: Dilma os mesmo 37, Aécio salta para 21 pontos e o ex-governador de Pernambuco, Campos apareceu com 11 por cento das intenções de votos.
Como se verifica é grande, absolutamente fora do normal, resultado de um desencanto e de uma insatisfação, o índice dos que (hoje) pretendem anular o voto ou votar em branco. O panorama pode mudar, claro. Mas ainda não mudou. Por enquanto o impulso de mudança reside numa escala do próprio PT. E no PR. Mas caso a candidatura de Dilma Rousseff se mantenha, o que esses petista poderão fazer ? Votar em quem ?
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