Já diziam os mais antigos ‘é melhor prevenir do que remediar’. Entretanto, quando falamos de crises no mundo corporativo, as origens e causas das mesmas podem estar fora do controle das empresas, sem chances de prevenção.
Crise é um fenômeno absolutamente democrático, pois surge na vida de qualquer empresa. Um exemplo atual é a situação que passa o setor automotivo, com vendas em baixa e exportações em queda.
Reputações são conquistadas ou perdidas em uma crise, dependendo da forma como ela é encarada.
Em uma empresa há valiosos ativos, como sua imagem e força de trabalho, e uma crise certamente irá colocá-los em risco. Por isso é preciso encará-la de frente.
Toda crise tem um dono e, às vezes, somente ele sabe seu tamanho e porque surgiu. Mais que isso, ele não deve expandir suas dificuldades, mas sim controlá-la.
A crise tem um custo, tangível e intangível, que deverá ser pago. A tentativa de regatear poderá aumentar o prejuízo, atual ou futuro.
Um líder responsável precisa saber exatamente para onde vai quando a crise estiver resolvida. Ele precisa representar a imagem da tranquilidade na solução e no encaminhamento de ações corretivas, ágeis, consistentes e coerentes.
A análise de suas dimensões, abrangência, profundidade e extensão são fundamentais para se calibrar as ações corretivas. Exagerar ou subestimar os efeitos de uma crise pode ser tão ou mais danoso quanto à própria crise. Quando pessoas são atingidas por uma crise, ampliar seus efeitos poderá anular investimentos, sejam sociais ou econômicos, difíceis de serem recuperados, e reduzi-los pode requerer novas ações, com efeitos mais desastrosos.
A forma como conduzir a aplicação das soluções assume importância igualmente relevante no processo, especialmente quando parte das soluções de uma crise impacta diretamente na estabilidade e na segurança das pessoas. Neste caso, a dignidade e o respeito são fatores prevalecentes a serem observados.
Critérios justos, informações precisas e confiáveis, comunicação direta aberta e transparente, respeito às reações e agilidade nos processos de desligamento são fatores essenciais e formas inequívocas de demonstração de dignidade e respeito para com as pessoas envolvidas.
Na prática, a solução para uma crise passa, necessariamente, pela capacitação e comprometimento das lideranças no processo.
A preocupação não se esgota com aqueles que deixarão de pertencer à empresa e inclui também os colaboradores que ficam, pois estes continuarão observando as atitudes da empresa e o comportamento das lideranças, imaginando a sobrecarga de trabalho resultante de demissões e a forma como serão tratados em situação semelhante, se e quando isso ocorrer.
Além de garantir a boa reputação e preservar os ativos de uma empresa, a gestão de uma crise é sempre uma excelente oportunidade de aprendizado e crescimento para as mesmas. Depende apenas da forma como será encarada.
18 de maio de 2014
Heli Gonçalves Moreira, fundador e sócio-diretor da HGM Consultores
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