O fim do ano é boa ocasião para reordenar nossa casa, repor o que está puído ou trincado, dar uma geral nos armários, doar o que está sobrando, ver as roupas que ainda servem e decidir o que fazer com as que não servem, cuidar melhor das prateleiras de livros e discos e depois montar o presépio para que ele abrigue o presente de Natal dos nossos queridos.
Ainda mexida com o espírito do Natal e com o fim deste 2013 que em muito boa hora se vai, sonhei: E se fosse possível fazer o mesmo com o Brasil?Quanta coisa para jogar fora, ou consertar e guardar. Ou substituir por estarem em mau estado. Uma trabalheira dos diabos e só seria possível se todos os brasileiros se dedicassem à tarefa de deixar o Brasil bem limpo, com a ordem que nossa bandeira recomenda, para que o progresso possa vir e frutificar.
A primeira coisa a restaurar seria nosso ordenamento político.
Tenho lido muito, muito mais sobre o Brasil de hoje do que a literatura que sempre tanto me atraiu. Vem desse amor aos livros a admiração pela capacidade intelectual do autor do artigo que cito hoje. Ao ver num jornal paulista o nome Jorio Dauster, parei para ler “Você está bem representado?” (Folha de S. Paulo, 16/12, pág. A5).
Dauster comenta uma sugestão do ministro Luís Roberto Barroso, do STF, que nas próximas eleições presidenciais os candidatos deveriam, três meses antes, “tornar pública” sua proposta de reforma política. Dessa forma, quem escolhesse o candidato estaria escolhendo o modelo.
Uma ideia das mais sensatas. Porque é nosso direito, ao votar num candidato com quem simpatizamos, conhecer de que modo ele pretende governar o país e, tão importante quanto, quem seriam seus principais auxiliares, quem faria parte de sua equipe.
O eleitor votaria no candidato, na orientação que ele pretende dar ao governo e na equipe que trabalharia com ele.
Nunca mais o longo intervalo entre a eleição e a posse daria ensejo a que os resultados nas eleições estaduais permitissem as negociações que transformam nosso Brasil num mercado onde o auxiliar daqui depende do resultado de lá.
Dauster vai mais longe ao sugerir que antes do primeiro turno os candidatos revelassem os nomes dos “quatro ministros-chave: Justiça, Fazenda, Relações Exteriores e Casa Civil”. Em sua opinião, como essas ideias seriam rejeitadas pela classe política, só as redes sociais seriam capazes de transformá-las em exigências.
Concordo e replico suas palavras para ajudar na difusão.
Mas eu ainda queria mais. Que os ministros do novo governo se comprometessem por escrito e sob pena de pagarem multas altíssimas, se descumprissem o acordo, a permanecer à frente dos ministérios até o fim do governo, a não ser por comprovado motivo de força maior.
Chega de ver o Governo Federal servir de escada para quem não ama o país, ama o Poder.
23 de dezembro de 2013
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
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