Há muito tempo venho defendendo o fim da doação de empresas para campanhas eleitorais, mãe de todas as corrupções políticas, porque pessoa jurídica não vota e não deveria participar de eleições, que são um processo democrático entre os cidadãos, os partidos e os candidatos a representá-los no Poder. Cuidado com os seus desejos, eles podem se realizar. Com o Supremo Tribunal Federal prestes a realizar os meus, vejo que desejei errado, ou pela metade.
Como os partidos já têm os fundos constitucionais e o horário eleitoral, os cidadãos que apoiam as candidaturas é que deveriam financiá-las, como na campanha de Obama, que foi paga em boa parte por pequenas doações individuais pela internet. Teórica e tecnologicamente, isso seria viável no Brasil, mas quem está disposto a dar dinheiro de seu trabalho para os nossos políticos? Na Itália, o Movimento Cinco Estrelas fez a sua campanha com 15 mil doadores individuais e uma média de 40 euros per capita — e conquistou 25% do eleitorado. Com ideias, trabalho e comunicação.
O perigo da proibição tão desejada é que pode levar ao indesejável combo petista “financiamento público/voto em lista”, em que — além do horário “gratuito” e dos fundos partidários, que já nos custam quase um bilhão de reais — todos os contribuintes pagarão mais para que o partido tenha as maiores verbas para sua campanha, seus caciques escolham os primeiros nomes das listas, privilegiem os que já têm cargos, e se eternizem no poder. Vai desejar mal assim...
Também desejei ardentemente que o Fluminense não fosse rebaixado, embora fosse um castigo merecido pelos dirigentes e quase todos os jogadores pelo que (não) fizeram dentro e fora de campo. Mas desejei pela metade, não queria continuar na série A desse jeito. Seria melhor se a Portuguesa já começasse o Brasileirão de 2014 com quatro pontos perdidos e o Fluminense fosse o campeão da Segundona, mas aí já são outros desejos.
Todas as pesquisas dizem que dois terços dos brasileiros, simpatizantes de todos os partidos, ou contra todos, querem mudanças. Mas quais?
Cuidado com a sua lista de desejos para 2014.
23 de dezembro de 2013
Nelson Motta é Jornalista e Crítico musical.
Nelson Motta é Jornalista e Crítico musical.
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