Por ter de avançar submetida a diversas forças, mantendo o rumo e a sustentação, a economia de um país pode ser comparada a um avião. Não é por outra razão que os economistas usam e abusam de metáforas aeronáuticas quando analisam desempenhos ou fazem previsões.
Quando a economia tem boas taxas de crescimento, eles dizem que o país “decolou”. Se acham que o crescimento não é sustentável - ou seja, foi induzido por impulsos artificiais, como juros inadequadamente baixos ou tabelamento da taxa de câmbio -, dizem que ele não passa de um “voo de galinha”.
Da mesma forma, se preveem que uma economia aquecida começa a dar sinais de desgaste, eles dizem que ela poderá ter um “pouso suave ou se esborrachar na pista”, dependendo das circunstâncias e da habilidade do “piloto na cabine de comando”.
Se usarmos essa mesma linha de metáforas para entender as perspectivas da economia brasileira para 2014, a imagem mais realista que vem à mente é a de um avião em voo rasante que não cai e tampouco ganha altura, apesar do excruciante esforço das turbinas.
É assim há três anos e vai continuar sendo assim em 2014.
A expansão média da economia no triênio da presidente Dilma Rousseff é de 2% ao ano, abaixo do ritmo mundial, de 3,3%. Em 2014, a economia brasileira vai encontrar pela frente uma circunstância externa predominante que influenciará fortemente todas as demais variáveis.
Essa força maior é a decisão do governo dos Estados Unidos de retirar os estímulos monetários bilionários que vinha dando à economia desde a crise de 2008.
Quem vai manejar a retirada é a economista Janet Yellen, a nova presidente do Fed, o banco central americano, cargo que ela assume em substituição a Ben Bernanke.
Nenhum país - nem o Brasil, apesar da retórica ufanista oficial - ficará imune às grandes mudanças de rumo da economia americana. Enquanto duraram os estímulos bilionários, os juros americanos foram mantidos próximo de zero e não valia a pena investir nos papéis emitidos pelos Estados Unidos.
A rentabilidade estava em países emergentes. O Brasil tornou-se um destino preferencial de investimentos mundiais.
Com a mudança de curso, os juros americanos vão subir e remunerar bem melhor os investimentos. Juros mais altos vão se combinar de novo com a segurança oferecida pelos papéis americanos (os Estados Unidos nunca declararam uma moratória em sua história), e não vai ser fácil competir com eles por investimentos.
Esse será o cenário dominante em 2014, e as aeronaves econômicas vão ter de se adequar a essas condições atmosféricas.
28 de dezembro de 2013
in aluizio amorim
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