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O Enem nada mais é que um manual de guerrilha em forma de Quis.
Globo Online: "O cantor Gabriel O Pensador não ficou surpreso ao saber que sua música 'Até quando?', de 2001, foi utilizada na prova de Linguagens do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2013."
E como poderia ficar? Surpresa seria se tivessem utilizado um artigo de Olavo de Carvalho. Gabriel O Pensador e o Enem foram feitos um para o outro.
Veja o trecho que caiu na prova:
"Não adianta olhar pro céu, com muita fé e pouca luta/ Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve, você pode, você deve, pode crer/ Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver/ Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer."
Não é mesmo uma incrível coincidência o Enem perguntar qual é a qualidade(!) principal(!) do trecho, oferecendo cinco respostas relativamente favoráveis (além da pergunta)?
Não é coincidência o Enem impor e legitimar sorrateiramente a estudantes do Brasil inteiro a qualidade artística de uma convocação para greves e protestos, no momento em que as "manifestações" espalham o caos pelo país?
Não é coincidência o Enem ainda expor uma analogia entre o sofrimento de Jesus Cristo e o dos "oprimidos", como se até Gabriel O Pensador fosse melhor exemplo a ser seguido que Jesus?
Mais coincidência que isso, só mesmo um tributo a Karl Marx na questão número 1.
O Enem nada mais é que um manual de guerrilha em forma de Quiz.
É por isso que, para tratar de linguagem usando o tema dos protestos, seria demais exigir Lima Barreto:
O apagamento momentâneo da honestidade e a revolta contra pessoas inacessíveis levam os melhores a esses atentados brutais contra a propriedade particular e pública. Concorre também muito a nossa perversidade natural, o nosso desejo de destruir que, adormecido no fundo de nós mesmos, surge nesses momentos, quando a lei foi esquecida e a opinião não nos vigia. No jornal exultava-se. As vitórias do povo tinham hinos de vitórias da pátria. Exagerava-se, mentia-se, para se exaltar a população.
A quem interessaria mostrar aos estudantes, através da própria literatura nacional, a estupidez como ela é no Brasil há mais de 100 anos, ainda que cada vez pior em função do poder cultural e político dos estúpidos?
Certamente não aos esquerdistas da banca.
De modo que hoje, para chegar às universidades brasileiras, já não basta se fazer de marxista, grevista ou manifestante.
Agora você também tem de reconhecer qualidades de linguagem no divino Gabriel O Pensador - aquele que tampouco faz ideia de qual seja a resposta certa à questão que o menciona.
"Até quando", meu Deus?...
* * *
Adão, Eva e o brasileiro
Adão encontra um brasileiro.
- Prazer, eu sou Adão.
- Concordo!
- Tudo bem com você?
- Discordo!
- Não está tudo bem?
- Sou contra!
- É contra estar bem?
- A favor!
- Mas do que é que você está falando?
- Eu gosto!
- Você gosta de não saber do que fala?
- Não gosto!
- Meu Deus, não estou entendendo direito...
- Fanático!
- O que foi que você disse?
- Fundamentalista!
- Mas o que foi que eu disse?
- Respeite a minha opinião!
- Você deu uma opinião?
- Uma coisa não impede a outra!
- Que coisa não impede o quê?
- Ouvir opiniões contrárias é um exercício construtivo!
- Mas com que informações você construiu sua opinião?
- Arrogante!
- O que isso tem a ver com o que eu perguntei?
- Dono da verdade!
- Ok, vamos começar de novo.
- Concordo!
- Prazer, eu sou Adão.
- Não falo com gente arrogante.
O brasileiro vai embora e Adão encontra Eva.
- Eva, acho que eu preciso aprender português.
- Discordo!
01 de novembro de 2013
Felipe Moura Brasil
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