Americano deixa de lado o país e a China para investir em mercados mais arriscados
Logo que o investidor americano Gabriel Schulze se mudou para a China, há oito anos, a fim de conquistar um espaço no mais promissor dos mercados inexplorados mundiais, percebeu que havia chegado tarde.
"Cheguei pensando que estava na fronteira, que estava adiante da curva, e, quando comecei a almoçar com chineses, descobri que todos estavam indo para a África."
Schulze, herdeiro de uma bilionária família da mineração, rapidamente seguiu os chineses à Etiópia, onde criou o primeiro fundo de ações dedicado a um dos países mais fechados do continente.
"As pessoas me chamavam de maluco. Mas, se você estivesse buscando um lugar que não era plenamente apreciado até ali, a Etiópia certamente merecia o primeiro lugar", diz o acionista controlador da Schulze Global Investments.
Schulze está na vanguarda do investimento de fronteira, cuja promessa de recompensas pelos riscos assumidos atrai cada vez mais interesse.
Quando o dinheiro começou a escapar dos países emergentes, alguns meses atrás, as ações dos mercados de fronteira apresentaram desempenho muito superior ao de países em desenvolvimento menos arriscados, com crescimento em dois dígitos.
Mas as ações de companhias de capital aberto são só parte da história. Os mercados de ações de fronteira em certos casos só operam com um punhado de companhias --e não existem Bolsas. É por isso que Schulze prefere investimentos de capital privado, formando parcerias com empresas familiares.
Sua família investiu US$ 10 milhões em um fundo de ações, antes de atrair US$ 90 milhões de outros investidores, com participações em companhias de café, educação, alimentos e cimento.
Schulze depois disso adicionou novos paradeiros exóticos e de alto risco para seus investimentos, deixando de lado a China e o Brasil --"são notícia de ontem".
Em lugar, entraram produção de cashmere e serviços de mineração na Mongólia, um fundo de US$ 100 milhões para energia hidrelétrica na Geórgia e até mesmo investimentos na Coreia do Norte.
INCOMPREENDIDOS
Schulze acredita que os mercados de fronteira não sejam necessariamente mais arriscados. "Eles muitas vezes são só mal compreendidos, ou desconsiderados", afirma.
Ele prefere fundos que operam em um só país e participações minoritárias. Diz ter concluído mais de uma dúzia de transações com índices de retorno de mais de 30%.
"Creio que às vezes as pessoas, entre elas meu pai, nos olhavam e imaginávamos que éramos caubóis. Na minha opinião, você pode agir como caubói uma vez e se dar bem, mas acredito que tenhamos desenvolvido um padrão de sucesso nas nossas operações em mercados como esses."
DE OLHO EM MARTE
Ele prefere que suas equipes de investimento tenham base local, para que enfrentem "as mesmas realidades" que as companhias nas quais sua empresa investe - autoridades repletas de caprichos, por exemplo.
Na Coreia do Norte, ele diz ter feito quatro transações "muito limpas", em empréstimos de US$ 1 milhão para três estatais locais, todos com "juros muitos altos". "Fiquei realmente surpreso ao descobrir uma economia vibrante."
Mas talvez a Coreia do Norte não seja a fronteira final. "Chegará o dia, em algumas décadas, em que estaremos procurando ser os primeiros a operar em Marte."
01 de novembro de 2013
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