O Senado suspendeu um pregão que seria aberto na manhã desta quarta-feira (2) para comprar 270 itens, entre alimentos e produtos de limpeza estimados em R$ 98 mil, que iriam abastecer a residência oficial do presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), pelos próximos seis meses.
A lista inclui 133 tipos de carnes, que totalizam 1,7 tonelada. Dividida por 180 dias, a quantidade média é de quase 10 kg diários. Entre as carnes há camarão (45 kg, a um custo de R$ 5.145), filé mignon (100 kg por R$ 4.050), salmão (20 kg por R$ 1.710), bacalhau (20 kg a R$ 1.582) e picanha (50 kg a R$ 1.975) -- clique para acessar a lista completa.
- Reprodução de um trecho da lista suspensa
"Os materiais a serem adquiridos visam suprir as necessidades de mantimentos alimentícios, materiais de copa e cozinha e higienização destinados ao Senado Federal", diz o texto do pregão, cujo vencedor seria o fornecer que apresentasse o menor preço para a lista.
A concorrência foi suspensa por ordem do diretor-geral do Senado, Helder Rebouças. Comunicado oficial da Casa informa que o pregão foi suspenso "tendo em vista as medidas de racionalização administrativa adotadas por esta Casa Legislativa e a necessidade de reavaliação dos processos de contratação, informo a suspensão do Pregão Presencial nº 119/2013."
Procurado, Renan Calheiros orientou a reportagem e entrar em contato com sua assessoria. Um assessor do senador afirmou que o pregão foi suspenso porque que havia "muito erro na quantidade" dos produtos, "itens em excesso" e "preços superfaturados".
Este mesmo assessor disse que a presidência da Casa "não tem ideia" de quem redigiu o pregão e confirmou que toda a lista iria abastecer a casa do presidente do Senado.
Outros itens impressionam pela quantidade: são 160 kg de pão francês, 95 kg de queijos de vários tipos e 2.400 ovos. A lista inclui ainda a compra de nectarinas importadas, carne de marreco e pato.
Orlando Silva, quando ainda era ministro do Esporte, comprou tapioca com seu cartão corporativo. Além dos R$ 8,30 do quitute, o ministro foi acusado de gastar cerca de R$ 20 mil em alimentação e diárias de hotéis de luxo em 2007.
Em depoimento à CPI dos Cartões Corporativos, um ano mais tarde, o político admitiu o engano com a tapioca, mas negou o restante das irregularidades, já que se tratavam de "despesas para reuniões de trabalho".
Acima, imagem de Silva preparando uma moqueca baiana na cozinha de casa, em Brasília (DF)
Leia mais Marcelo Camargo/Folhapress
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