"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

"SEM MARINA, CHANCE DE SEGUNDO TURNO É MENOR"

 

A cortina ainda não foi aberta. Por enquanto, a plateia ouve os ruídos da arrumação do palco. No início da semana, eram cinco os personagens em condições de disputar o amor da República. Até sábado, é possível que só restem três.
As circunstâncias já excluíram José Serra do elenco. E os diretores de cena do TSE ameaçam arrancar Marina Silva de sua marca na noite desta quinta-feira. Se isso acontecer, cresce a chance de o espetáculo de 2014 acabar mais cedo.
 
Sem Marina, Aécio Neves e Eduardo Campos terão de matar vários leões em cena para impor a Dilma Rousseff um segundo ato. Lula, que no enredo faz o papel de ex-marido da República, passou por Brasília há dois dias.

Em conversa com um figurante do PMDB, disse que ainda não desistiu de reeditar o velho Fla-Flu: tucanos de um lado, petistas do outro. A eventual exclusão de Marina o levaria a fazer uma derradeira tentativa de convencer Eduardo a adiar sua estreia nacional para 2018.
 
O problema é que a essa altura o galã do PSB já escreveu seu nome no cartaz e colou na porta do teatro. Fez isso ao empurrar para fora de sua legenda o silvério de Duque de Caxias (Alexandre Cardoso) e os insurretos do Ceará (Cid–Ciro & Cia.). Mantida sua disposição, Lula, Dilma e o PT tentarão asfixiá-lo junto com Aécio. Como? Limitando-lhes o acesso ao tempo de propaganda no rádio e na tevê.
 
Sob orientação de Lula, Dilma esforça-se para evitar que partidos como PDT, PR, PSD e PTB fechem alianças com Eduardo ou Aécio, cedendo-lhes o tempo de propaganda eletrônica. Em relação às novas legendas, o Planalto já amarrou o Pros. E olha para o Solidariedade com cara de verbas e cargos. Esse jogo de $edução tende a se prolongar até o final de março.
 
Supondo-se que o TSE desligue a Rede da tomada, Marina ainda terá até sábado para voltar ao jogo. Basta que se filie a um dos dois partidos que a cobiçam: os anões PPS e PEN.
O diabo é que, considerando-se que seu charme de Marina está no discurso sobre a nova maneira de fazer política, um retorno desse tipo poderia devolvê-la ao palco num figurino de Rainha má, não de Branca de Neve. Voltaria a crescer a chance de segundo turno. Mas Marina talvez se condenasse a ficar fora dele. Repetiria 2010, quando serviu de escada para levar Serra ao round complementar.

03 de outubro de 2013
Josias de Souza - UOL

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