Nem o governo nem os partidos, inclusive os da oposição, aprenderam o sentido das manifestações de rua que, iniciadas em junho, prosseguem com características variadas mas marcadas pela violência. Não dá para jogar tudo nas costas desses animais intitulados de Black blocs.
Cada interrupção no tráfego nas avenidas ou nas rodovias envolve pneus e lixo incendiados, pressão e agressão sobre motoristas e transeuntes, sem falar na ocupação de prédios públicos – tudo praticado pela massa em protesto.
Destaca-se a ação dos vândalos nas depredação e nos roubos, sem se atentar para que em torno deles estão aglomeradas milhares senão milhões de pessoas indignadas com o padrão de vida e elas oferecida ou empenhadas numa reivindicação qualquer.
Mostram-se dispostos a demonstrar sua indignação perturbando a ordem com barricadas e passeatas com óbvio teor de violência na medida em que quebram a rotina do cidadão comum.
A pergunta que nem os partidos nem o governo ousam formular é como se comportará a massa diante das eleições. E se decidir não comparecer às urnas? Boicotar o processo? Esse é o risco maior de um fenômeno que cada vez mais se multiplica no país. Como se comportarão os mal comportados?
Da presidente Dilma ao ex-presidente Lula, dos presidentes da Câmara e do Senado aos dirigentes partidários, tentam todos tapar o sol com a peneira, entoando loas às manifestações de rua, ditas democráticas e pacíficas, e criticando apenas a ação dos black-blocs, enganam-se. Em maioria, a multidão de revoltados será capaz de levar sua revolta aos limites da abstenção eleitoral.
Talvez por isso ressurgido nas últimas semanas a proposta do voto facultativo, não obrigatório. As ausências seriam melhor absorvidas, apesar do vexame.
Certas coisas, no entanto, pegam feito sarampo, ainda mais depois da descoberta das redes sociais. Não haverá propaganda partidária que dê jeito caso se espalhem exortações pelo não comparecimento às urnas.
MAIS UMA DA RAPOSA
Francisco Dornelles estava escolhido ministro da Fazendo de Tancredo Neves. Viajavam juntos. Certa feita o hoje senador levou relatório imenso para ser lido pelo futuro presidente, relativo à situação do câmbio. Com o jatinho já no alto, Tancredo pega a papelada, folheia, elogia o número de itens abordados mas se desculpa: “Não posso ler. Esqueci os óculos”.
Dornelles se irrita e fala que o tio deveria ser mais cuidadoso e ter mais de um par de óculos. Dois, três, um em casa, outro no escritório, mais um na pasta de documentos e até no bolso.
A velha raposa faz cara de condenado, desculpa-se e, como o percurso era longo, fecha os olhos e dá a impressão de procurar dormir.
O futuro ministro faz o mesmo, mas com bom mineiro, fica atento. Não se passaram dez minutos quando ele viu Tancredo tirar os óculos do bolso e pedir a um auxiliar: “passe-me os jornais”…
Cada interrupção no tráfego nas avenidas ou nas rodovias envolve pneus e lixo incendiados, pressão e agressão sobre motoristas e transeuntes, sem falar na ocupação de prédios públicos – tudo praticado pela massa em protesto.
Destaca-se a ação dos vândalos nas depredação e nos roubos, sem se atentar para que em torno deles estão aglomeradas milhares senão milhões de pessoas indignadas com o padrão de vida e elas oferecida ou empenhadas numa reivindicação qualquer.
Mostram-se dispostos a demonstrar sua indignação perturbando a ordem com barricadas e passeatas com óbvio teor de violência na medida em que quebram a rotina do cidadão comum.
A pergunta que nem os partidos nem o governo ousam formular é como se comportará a massa diante das eleições. E se decidir não comparecer às urnas? Boicotar o processo? Esse é o risco maior de um fenômeno que cada vez mais se multiplica no país. Como se comportarão os mal comportados?
Da presidente Dilma ao ex-presidente Lula, dos presidentes da Câmara e do Senado aos dirigentes partidários, tentam todos tapar o sol com a peneira, entoando loas às manifestações de rua, ditas democráticas e pacíficas, e criticando apenas a ação dos black-blocs, enganam-se. Em maioria, a multidão de revoltados será capaz de levar sua revolta aos limites da abstenção eleitoral.
Talvez por isso ressurgido nas últimas semanas a proposta do voto facultativo, não obrigatório. As ausências seriam melhor absorvidas, apesar do vexame.
Certas coisas, no entanto, pegam feito sarampo, ainda mais depois da descoberta das redes sociais. Não haverá propaganda partidária que dê jeito caso se espalhem exortações pelo não comparecimento às urnas.
MAIS UMA DA RAPOSA
Francisco Dornelles estava escolhido ministro da Fazendo de Tancredo Neves. Viajavam juntos. Certa feita o hoje senador levou relatório imenso para ser lido pelo futuro presidente, relativo à situação do câmbio. Com o jatinho já no alto, Tancredo pega a papelada, folheia, elogia o número de itens abordados mas se desculpa: “Não posso ler. Esqueci os óculos”.
Dornelles se irrita e fala que o tio deveria ser mais cuidadoso e ter mais de um par de óculos. Dois, três, um em casa, outro no escritório, mais um na pasta de documentos e até no bolso.
A velha raposa faz cara de condenado, desculpa-se e, como o percurso era longo, fecha os olhos e dá a impressão de procurar dormir.
O futuro ministro faz o mesmo, mas com bom mineiro, fica atento. Não se passaram dez minutos quando ele viu Tancredo tirar os óculos do bolso e pedir a um auxiliar: “passe-me os jornais”…
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