Alckmin, como de praxe, apanhando quieto. Com 98% da população exigindo medidas mais duras contra a violência. Daqui a pouco será tarde demais.
Ao mesmo tempo em que escalou seu ministro da Justiça para discutir soluções para o vandalismo nos protestos com São Paulo e Rio, a presidente Dilma alfinetou o governo paulista e criticou a "violência contra a periferia". Seu secretário-geral, o ministro Gilberto Carvalho, defendeu por sua vez o diálogo com os "black blocs".
A estratégia de mão dupla é calculada. Desde que "tuitou" condenando "barbáries antidemocráticas" dos mascarados que agrediram o coronel da PM de São Paulo Reynaldo Simões Rossi, na sexta, Dilma vinha sendo cobrada nas redes sociais para que falasse sobre violência policial.
O assassinato de Douglas Rodrigues, 17, no domingo, gerou novos confrontos em São Paulo e acabou comentado no Twitter ontem por Dilma, que "lamentou a morte" e ofereceu condolências à família. Segundo ela, "assim como Douglas, milhares de outros jovens negros da periferia são vitimas cotidianas da violência". "A violência contra a periferia é a manifestação mais forte da desigualdade no Brasil", disse. O adolescente morto não era negro.
Para o PT, desalojar o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) é um dos objetivos principais nas eleições do ano que vem, e a política de segurança é alvo central.
DIÁLOGO
Já o secretário-geral Carvalho, responsável pela interface com movimentos sociais, afirmou que é preciso encontrar uma forma de dialogar com os "black blocs". "Trata-se de um fenômeno social que nós, para podermos ter uma atuação eficaz, temos de ter um diagnóstico mais preciso. A simples criminalização imediata, ela não vai resolver", disse.
Ele falou também sobre a violência na periferia. "Ela é muito mais complexa, agora tem misturado com toda essa questão do crime organizado, a questão dos 'black blocs'. Entendemos que não basta criminalizar essa juventude, precisamos entender até que ponto a cultura de violência já vivida na periferia já emigrou para esse tipo de ação." "Precisamos de alguma forma ter uma ponte, nós estamos buscando com muita força esse diálogo, para achar uma saída eficaz", disse ele.
Na outra ponta, o governo acenou para o eleitorado contrário à violência --o Datafolha mostrou no domingo que 95% dos paulistanos desaprovam os "black blocs". Para isso, José Eduardo Cardozo (Justiça) vai se reunir amanhã com os secretários Fernando Grella (SP) e José Maria Beltrame (RJ) para discutir ações conjuntas. "Não significa reprimir liberdade de manifestação, mas análise de inteligência, investigar e aplicar punição da melhor forma possível às pessoas que transgridem a lei", afirmou Cardozo, que chegou a ser cotado para disputar o governo --no que foi preterido por Alexandre Padilha, ministro da Saúde.
Segundo Cardozo, Rio e São Paulo foram escolhidos porque são os locais onde os protestos "recorrentemente" acabam em vandalismo. Para ajudar a combater a série de protestos em São Paulo, homens da Polícia Rodoviária Federal do Rio serão removidos para reforçar a segurança na rodovia Fernão Dias. Cardozo não soube dar números e foi surpreendido pela informação de uma TV de que um sobrevoo de helicóptero de 90 km não encontrou nenhum carro de polícia. Ele quer discutir o caso com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal.
(Folha de São Paulo)
30 de outubro de 2013
in coroneleaks
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