Governo oferece cargos ao recém-criado Solidariedade em troca de apoio a Dilma
Ministra Ideli Salvatti se reuniu com políticos do partido no Senado e, com a oferta de cargos, conseguiu que desistissem da aliança com Aécio Neves
Paulinho diz que, embora seja amigo do tucano e tenha afinidade com a oposição, sabe que a maioria dos integrantes da legenda é a favor do alinhamento com o governo
O Palácio do Planalto entrou com força total nas negociações pelo apoio político do Solidariedade, partido recém-criado por Paulinho da Força, inicialmente com viés oposicionista. Nesta terça-feira, em reunião com representantes da legenda na liderança do governo no Senado, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) prometeu manter os cargos de integrantes do partido no governo, em troca do alinhamento. Aparentemente, conseguiu assegurar que a legenda não fique contra o governo.
Sobre a concessão de mais cargos ao Solidariedade, a ministra afirmou que a presidente Dilma Rousseff irá decidir sobre isso.
- Com relação a cargos, boa parte desses parlamentares já são da base. Se eles, porventura, têm alguma indicação, obviamente isso será mantido. Em relação ao Solidariedade, qualquer posição sobre ocupação de espaços no governo depende da presidente Dilma - afirmou a ministra.
Inicialmente criado para ser um partido de oposição, o Solidariedade contou com o apoio do senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato tucano à Presidência da República, para ser formado. Desde que iniciou o movimento de ruptura com o governo, Paulinho da Força passou a ter uma postura de duras críticas à presidente Dilma e, recentemente, chegou a afirmar que ela havia se tornado sua inimiga. O deputado também havia deixado clara sua preferência pela candidatura de Aécio.
Entretanto, após a conversa com Ideli Salvatti, o presidente do Solidariedade recuou e afirmou que seu partido deve ter uma postura de “independência” em relação ao governo, e que não haverá oposição sistemática. Paulinho disse ainda que boa parte dos seus correligionários quer permanecer na base aliada, e que os representantes do partido nos estados terão autonomia para fazer alianças locais e, até mesmo, para decidir que candidato à Presidência da República irão apoiar.
- Essa reunião serviu para tirar o mal-estar de que estamos em uma oposição sistemática ao governo. Pelo contrário, vai ser um partido de independência na Câmara, vamos votar de acordo com o interesse do país. Eu, particularmente, tenho mais afinidade com a oposição, sou amigo do Aécio há muito tempo, mas sei que essa não é a posição da maioria, não é o pensamento do partido todo - recuou Paulinho.
Ideli colocou Paulinho contra a parede
Durante a reunião, Ideli deixou claro que, se os parlamentares do partido se mantiverem alinhados ao governo, os cargos serão mantidos e novas vagas serão discutidas pela presidente Dilma. A ministra não poupou Paulinho da Força e o colocou contra a parede, afirmando que ele não iria conseguir se manter no comando do partido se não acompanhasse a maioria governista do Solidariedade. Para Ideli, a posição de Paulinho é vencida na legenda.
- Quando você tem uma agremiação partidária cuja maioria tem uma posição política, o presidente, se ele quiser se manter, ele tende a atender à maioria dos seus liderados. Claro que não vou fazer nenhuma observação no procedimento do partido, mas essa é uma regra meio de ouro na política. Você acompanha a maioria dos seus liderados - disse Ideli, que se mostrou confiante:
- Ficou bastante claro que a maioria dos parlamentares já são da base do governo e reafirmaram de forma categórica que querem continuar sendo da base do governo. Apresentaram vários motivos regionais de espaço nos partidos onde estavam para fazer a mudança para o Solidariedade, mas a maioria é da base, vai continuar na base.
02 de outubro de 2013
JÚNIA GAMA - O Globo
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