Corregedoria da Alerj ouvirá ex-assessores na próxima quarta-feira. Deputados Marcelo Freixo e Domingos Brazão trocam acusações
Além de gravações, o dossiê elaborado por dois ex-assessores da deputada Janira Rocha (PSOL), que já foi encaminhado para a Assembleia Legislativa (Alerj), conteria documentos que reforçam indícios de crime eleitoral. Entre eles, recibos de serviços executados e não declarados para a Justiça Eleitoral — pagos através de caixa dois —, inclusive relativos à boca de urna. O material será analisado pela Corregedoria da Alerj, que já marcou para a próxima quarta-feira os primeiros depoimentos do processo que analisará o caso. Serão ouvidos exatamente os dois ex-assessores.
— Vamos fazer uma apuração serena e responsável, dando amplo direito de defesa à deputada. Não haverá interferência política — garantiu o deputado Comte Bittencourt (PPS), corregedor da Casa.
Nesta quinta, Janira não esteve no plenário da Alerj, mas as denúncias envolvendo seu nome foram motivo de discussão entre o deputado Domingos Brazão (PMDB) e Marcelo Freixo (PSOL). Ao cobrar da corregedoria rigor na investigações, Brazão alfinetou o PSOL:
— Estou estranhando que hoje (quinta-feira) as galerias da Casa não estão cheias de mascarados cobrando que as denúncias sejam apuradas. O que acontece é que a máscara do PSOL está caindo. O povo não pode ser mais enganado por esses falsos corretos.
Freixo, por sua vez, reforçou que foi o seu próprio partido quem encaminhou à Mesa Diretora da Alerj o pedido para que as denúncias fossem apuradas. E não poupou palavras contra os ataques de Brazão:
— Nessa Casa, há porcos que gostam de espalhar lama para todos os lados para dizer que todos vivemos num mesmo chiqueiro.
O subcorregedor da Alerj, deputado Luiz Paulo (PSDB), explicou que a apuração da corregedoria é a primeira fase de um processo que pode levar à cassação de Janira caso seja comprovada a quebra de decoro parlamentar. O caso ainda terá que ser analisado pela Comissão de Ética — composta por sete membros e presidida pelo deputado Jânio Mendes (PDT) — para depois passar pelo plenário. Entre os casos recentes que culminaram em perda de mandato estão os de Jane Cozzolino, Álvaro Lins e Renata do Posto.
Nas gravações já divulgadas, Janira Rocha admitiu que usou dinheiro do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sindsprevi-RJ) não só para se eleger como para bancar outras campanhas e até para a criação e estruturação do próprio PSOL.
06 de setembro de 2013
Ruben Berta - O Globo
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