"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

LULA, PALOCCI, PAULO BERNARDO E MARCELO ODEBRECHT VIRAM RÉUS PELAS OBRAS EM ANGOLA

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Charge do Sponholz (sponholz.arq.br)
O ex-president Luiz Inácio Lula da Silva , os ex-ministros Antônio Palocci e Paulo Bernardo e o empresário Marcelo Odebrecht viraram réus mais uma vez na Justiça Federal de Brasília, acusados de receberem propina da empreiteira em troca de apoio político. O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, aceitou a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF).
“A peça acusatória está jurídica e formalmente apta e descritiva”, escreveu o juiz Vallisney em sua decisão de apenas duas páginas, acrescentando que ela veio “acompanhada de documentação pertinente (vídeos, mensagens de e-mails, planilhas, relatórios policiais e outros documentos)”. O recebimento da denúncia não significa a condenação. Os réus ainda serão julgados e, só ao fim do processo, serão considerados culpados ou inocentes.
OBRAS EM ANGOLA – De acordo com a denúncia, a Odebrecht prometeu R$ 64 milhões a Lula e outros integrantes do PT em 2010 em troca de decisões políticas que beneficiassem a empresa. Entre essas decisões está, por exemplo, o aumento da linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para obras tocadas pela companhia em Angola.
Uma das contrapartidas pedidas pela Odebrecht seria o aumento de um empréstimo concedido a Angola pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$ 1 bilhão. Depois disso, a empresa, contratada para realizar obras na Angola, recebeu parte dos valores.
Lula, Palocci e Paulo Bernardo são suspeitos de terem recebido o valor em propina da empresa. De acordo com o MPF, o dinheiro teria sido colocado à disposição do PT. Os três são acusados do crime de corrupção passiva. Na Odebrecht, além de Marcelo, outros dois executivos ligados à empresa viraram réus: Ernesto Sá Vieira Baiardi e Luiz Antônio Mameri. Os três são acusados de corrupção ativa.
DIZ A DEFESA – Os advogados de Lula dizem que a abertura da ação penal “reforça o uso perverso da lei e dos procedimentos jurídicos para fins políticos”. Segundo a nota, assinada pelo advogado Cristiano Zanin, “Lula jamais solicitou ou recebeu qualquer vantagem indevida antes, durante ou após exercer o cargo de Presidente da República”.
“Lula sequer foi ouvido na fase de investigação, uma vez que claramente não tem qualquer relação com os fatos. Seu nome somente foi incluído na ação com base em mentirosa narrativa apresentada pelo delator que recebeu generosos benefícios para acusar Lula”, diz a nota.
O juiz Vallisney também deu um prazo de dez dias para que os réus possam se manifestar, “oportunidade em que poderão exercer a ampla defesa e, ainda, arrolar testemunhas (com fornecimento de completa qualificação e endereços respectivos”. A denúncia foi feita inicialmente pela Procuradoria-Geral da República (PGR), quando o processo estava no Supremo Tribunal Federal (STF). Depois, parte dele, incluindo a parte envolvendo Lula, desceu para a primeira instância. Lá, a Procuradoria da República no Distrito Federal ratificou a denúncia.
CINCO AÇÕES – O ex-presidente é réu em cinco ações na Justiça Federal de Brasília. Na Operação Janus, ele foi acusado por tráfico de influência em Angola, para beneficiar a Odebrecht. A operação Janus foi um desdobramento da Lava-Jato que apurou supostas irregularidades em financiamentos do BNDES para contratos da Odebrecht no país africano.
Da Operação Zelotes foram originadas duas ações contra o ex-presidente. Em uma delas, Lula responde, ao lado do filho Luís Cláudio Lula da Silva, à acusação de tráfico de influência na concorrência que resultou na escolha pela Força Aérea Brasileira (FAB) da compra de caças suecos Gripen NG.
Na outra ação originada da Operação Zelotes, Lula é acusado de tráfico de influência na edição de uma medida provisória que deu incentivos fiscais ao setor automotivo.
Lula é réu ainda sob a acusação de integrar o “quadrilhão do PT”. O juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, aceitou a denúncia por suposta organização criminosa envolvendo integrantes da cúpula do PT, entre eles Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff.
Por fim, Lula é acusado ainda de ter recebido, por meio de doação ao Instituto Lula, R$ 1 milhão de uma empresa que prestava serviços ao governo da Guiné Equatorial.
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Há alguma de errado – na relação dos réus não constam o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o economista Luciano Coutinho, que presidia o BNDES e armou o esquema fraudulento no banco. Com mais uma incriminação, Lula está disputando com Michel Temer para ver quem responde a maior número de ações. Por enquanto, Lula vai ganhando, como sete. O ex-presidente Collor também está sendo processado. Enquanto isso, Dilma, FHC e Sarney voam em céu de brigadeiro, como se diz na Aeronáutica. Com FHC e Sarney, está tudo prescrito. No caso de Dilma, pode haver turbulências mais adiante. (C.N.)

07 de junho de 2019
André de Souza e Rayanderson Guerra
O Globo

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