O grande desequilíbrio nas contas públicas tem como principal referência uma ardilosa estratégia construída pelo ex-presidente Lula ao final do seu segundo mandato.
Esta estratégia foi compartilhada com sua ministra da Casa Civil e sucessora, Dilma Rousseff, economista por formação, ex-guerrilheira competente e brizolista de saudosas lembranças.
No primeiro governo do metalúrgico, é preciso considerar que a sua “estrela” petista brilhou, já que ele procurou o bom senso e empenhou-se para cumprir o que prometeu na sua vitoriosa campanha de 2002.
Inicialmente, manteve o “tripé” macroeconômico - câmbio flutuante, metas de superávit fiscal e de inflação; a junção dessas três grandes variáveis econômicas definiam uma política econômica sadia e sustentável, implantada a partir de 1999 pelo seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
Inicialmente, manteve o “tripé” macroeconômico - câmbio flutuante, metas de superávit fiscal e de inflação; a junção dessas três grandes variáveis econômicas definiam uma política econômica sadia e sustentável, implantada a partir de 1999 pelo seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
Para comandar o Ministério da Fazenda foi designado o médico Antônio Palocci, ex-prefeito petista de Ribeirão Preto, reconhecido como sendo um político extremamente “habilidoso”.
O Banco Central foi entregue ao tucano Henrique Meirelles, ex-presidente do BankBoston mundial. Para o segundo escalão da área econômica, admitiu que fossem nomeados técnicos “neoliberais” de competência comprovada.
Durante a campanha presidencial, a turbulência cambial acendeu a inflação, devido ao pânico da sociedade diante do iminente risco Lula, mas essa questão foi logo suavizada no começo do seu mandato diante dos princípios ortodoxos aplicados (juros elevados e gastos contidos), o que deixou a militância da “seita” petista furiosa. Esta linha adotada, na época, pelas autoridades econômicas veio, portanto, favorecer uma circunstancial estabilização na economia, o que possibilitou ao Brasil tirar uma extraordinária vantagem em função do ciclo de crescimento mundial sincronizado, fortemente influenciado pela expansão da economia chinesa.
As commodities então dispararam. O Brasil deixou de ser devedor e passou a ser credor do FMI (Fundo Monetário Internacional) e Lula, em 2009, foi exaltado pelo então presidente dos EUA, Barack Obama, durante um almoço que fez parte da agenda de líderes do G20 (grupo de países desenvolvidos e em desenvolvimento), em Londres. Barack disse publicamente que Lula era "o cara" e também o "político mais popular do mundo". Com isso, sua popularidade atingiu a estratosfera.
Porém, como certas correntes ideológicas nada esquecem e nada aprendem, a crise financeira mundial agravou-se entre 2008/9. Segundo o presidente Lula, ela não passaria de uma “marolinha” no Brasil. Sem dúvida, o governo gerenciou bem a crise e tomou medidas que evitaram o contágio da economia real, seguindo um receituário padrão adotado por vários países.
A partir daí, Lula e Dilma acharam de jogar no lixo políticas “neoliberais” e começaram a construir as bases do “novo marco macroeconômico”, aplicado com eficiência por Dilma, trazendo efeitos desastrosos para a nação - déficit público nas alturas, inflação retornando aos dois dígitos e PIB em queda recorde.
Lula, em 2011, passou a faixa presidencial para a “iluminada” Dilma, gozando de uma notável popularidade e ela, exercendo o poder conquistado nas urnas, tratou de aplicar com “maestria” todo o seu contraditório pensamento econômico. Acabou sofrendo impedimento no início do seu segundo mandato, por ter prevaricado com a Lei de Responsabilidade Fiscal de que tanto debochou enquanto pôde.
Sua “expertise” em elevar os gastos públicos através do endividamento do Tesouro, a fim de subsidiar investimentos, concedendo incentivos tributários ao consumo e com as famílias naquele momento já endividadas foi um verdadeiro desastre, preconizado pelos economistas de “centro-direita” e apoiados em grande parte pela imprensa profissional.
Com isso, o Brasil ingressou numa profunda recessão com a queda da nossa atividade econômica em torno de 8% em apenas dois anos, razão pela qual desempregou impiedosamente 14 milhões de brasileiros. Para completar a derrocada, o sentimento dominante do populismo por treze anos engessou ainda mais o Orçamento, somente com os gastos da Previdência que hoje correspondem a mais da metade das despesas primárias (não considera os efeitos financeiros, decorrentes dos juros) que crescem com desenvoltura até ocorrer a sua inevitável reforma e os mecanismos de indexação serem isolados.
O que nos leva a crer que a reconstrução do país tende a ser, além de lenta, bastante árdua e com alguns percalços no seu caminho. A influência do déficit público no PIB (Produto Interno Bruto) se aproxima de 80% e já com projeções apontando para 90%. Indiscutivelmente, o equilíbrio em nossas contas públicas passa necessariamente por esta reforma, que deve ser feita conscienciosamente, pois é uma questão de subsistência e não de ideologia. Essa radiografia está presente nos debates da campanha presidencial e deve ser assimilada como um alerta do que o voluntarismo nacional-populista fez com os brasileiros.
Estamos a poucos dias do primeiro turno das eleições gerais que sinalizam uma acirrada disputa, a mais importante desde o término do ciclo militar. Não é só a escolha do Presidente da República que exige grande responsabilidade; a dos congressistas também requer o mesmo grau de importância. Afinal de contas, são eles que irão decidir sobre os rumos da Nação.
Apesar do desânimo causado por alguns anos de crises e uma corrupção sistêmica incontrolável, a política e as instituições ainda são os verdadeiros caminhos que nos permitem acesso a direitos, liberdade e cidadania. O grande desafio será recolocar o Brasil no trilho do desenvolvimento, do crescimento econômico, da ética na política, da eficiência e, sobretudo, da esperança de um país melhor para os brasileiros.
21 de setembro de 2018
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
Durante a campanha presidencial, a turbulência cambial acendeu a inflação, devido ao pânico da sociedade diante do iminente risco Lula, mas essa questão foi logo suavizada no começo do seu mandato diante dos princípios ortodoxos aplicados (juros elevados e gastos contidos), o que deixou a militância da “seita” petista furiosa. Esta linha adotada, na época, pelas autoridades econômicas veio, portanto, favorecer uma circunstancial estabilização na economia, o que possibilitou ao Brasil tirar uma extraordinária vantagem em função do ciclo de crescimento mundial sincronizado, fortemente influenciado pela expansão da economia chinesa.
As commodities então dispararam. O Brasil deixou de ser devedor e passou a ser credor do FMI (Fundo Monetário Internacional) e Lula, em 2009, foi exaltado pelo então presidente dos EUA, Barack Obama, durante um almoço que fez parte da agenda de líderes do G20 (grupo de países desenvolvidos e em desenvolvimento), em Londres. Barack disse publicamente que Lula era "o cara" e também o "político mais popular do mundo". Com isso, sua popularidade atingiu a estratosfera.
Porém, como certas correntes ideológicas nada esquecem e nada aprendem, a crise financeira mundial agravou-se entre 2008/9. Segundo o presidente Lula, ela não passaria de uma “marolinha” no Brasil. Sem dúvida, o governo gerenciou bem a crise e tomou medidas que evitaram o contágio da economia real, seguindo um receituário padrão adotado por vários países.
A partir daí, Lula e Dilma acharam de jogar no lixo políticas “neoliberais” e começaram a construir as bases do “novo marco macroeconômico”, aplicado com eficiência por Dilma, trazendo efeitos desastrosos para a nação - déficit público nas alturas, inflação retornando aos dois dígitos e PIB em queda recorde.
Lula, em 2011, passou a faixa presidencial para a “iluminada” Dilma, gozando de uma notável popularidade e ela, exercendo o poder conquistado nas urnas, tratou de aplicar com “maestria” todo o seu contraditório pensamento econômico. Acabou sofrendo impedimento no início do seu segundo mandato, por ter prevaricado com a Lei de Responsabilidade Fiscal de que tanto debochou enquanto pôde.
Sua “expertise” em elevar os gastos públicos através do endividamento do Tesouro, a fim de subsidiar investimentos, concedendo incentivos tributários ao consumo e com as famílias naquele momento já endividadas foi um verdadeiro desastre, preconizado pelos economistas de “centro-direita” e apoiados em grande parte pela imprensa profissional.
Com isso, o Brasil ingressou numa profunda recessão com a queda da nossa atividade econômica em torno de 8% em apenas dois anos, razão pela qual desempregou impiedosamente 14 milhões de brasileiros. Para completar a derrocada, o sentimento dominante do populismo por treze anos engessou ainda mais o Orçamento, somente com os gastos da Previdência que hoje correspondem a mais da metade das despesas primárias (não considera os efeitos financeiros, decorrentes dos juros) que crescem com desenvoltura até ocorrer a sua inevitável reforma e os mecanismos de indexação serem isolados.
O que nos leva a crer que a reconstrução do país tende a ser, além de lenta, bastante árdua e com alguns percalços no seu caminho. A influência do déficit público no PIB (Produto Interno Bruto) se aproxima de 80% e já com projeções apontando para 90%. Indiscutivelmente, o equilíbrio em nossas contas públicas passa necessariamente por esta reforma, que deve ser feita conscienciosamente, pois é uma questão de subsistência e não de ideologia. Essa radiografia está presente nos debates da campanha presidencial e deve ser assimilada como um alerta do que o voluntarismo nacional-populista fez com os brasileiros.
Estamos a poucos dias do primeiro turno das eleições gerais que sinalizam uma acirrada disputa, a mais importante desde o término do ciclo militar. Não é só a escolha do Presidente da República que exige grande responsabilidade; a dos congressistas também requer o mesmo grau de importância. Afinal de contas, são eles que irão decidir sobre os rumos da Nação.
Apesar do desânimo causado por alguns anos de crises e uma corrupção sistêmica incontrolável, a política e as instituições ainda são os verdadeiros caminhos que nos permitem acesso a direitos, liberdade e cidadania. O grande desafio será recolocar o Brasil no trilho do desenvolvimento, do crescimento econômico, da ética na política, da eficiência e, sobretudo, da esperança de um país melhor para os brasileiros.
21 de setembro de 2018
Arthur Jorge Costa Pinto é Administrador, com MBA em Finanças pela UNIFACS (Universidade Salvador).
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