Em parecer encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) na noite de domingo, em meio ao embate de decisões sobre a soltura ou não do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o procurador-geral da República em exercício, Humberto Jacques de Medeiros, pediu à presidente do STJ, ministra Laurita Vaz, que determine à Polícia Federal (PF) que não execute nenhuma decisão sobre a liberdade de Lula que não tenha passado pelo STJ. Medeiros é vice-procurador-geral Eleitoral e assumiu o posto de Raquel Dodge durante as férias da PGR.
“Excelentíssima Presidente do Superior Tribunal de Justiça, em medida de menor intervenção e cautela suficiente, a maiori, ad minus, que se determine à autoridade policial custodiante do paciente que se abstenha de executar mandados judiciais referentes à liberdade do paciente que não contenham a chancela do Superior Tribunal de Justiça”, diz o texto.
COMPETÊNCIA – Para Medeiros, como a prisão de Lula foi determinada pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), não caberia habeas corpus para um desembargador da própria Corte, mas somente ao STJ, instância superior. Ainda segundo o procurador-geral em exercício, não é cabível a impugnação da decisão que mandou prender Lula “em habeas corpus contra o juízo de primeiro grau, que é mero executor de determinação do Tribunal Regional Federal da 4ª Região”.
“Nestes termos, o Desembargador Federal plantonista não possui atribuição para expedir ordem liminar em habeas corpus contra decisão colegiada da própria Corte, eis que a competência para esse tipo de impugnação é do Superior Tribunal de Justiça”, segue o procurador-geral em exercício na manifestação encaminhada ao STJ.
A manifestação de três páginas foi encaminhada ao mesmo tempo em que a PGR vinha acompanhando da atuação do procurador regional da República José Osmar Pumes perante o TFR-4.
CONFLITO – O presidente do tribunal, Thompson Flores, acolheu ontem os recursos do MPF e manteve a prisão do ex-presidente após as decisões conflitantes do desembargador Rogério Favreto, que estava de plantão, e do relator do processo, João Pedro Gebran Neto, que se manifestou após o juiz Sergio Moro avisar a PF que a ordem de soltura não deveria ser cumprida.
Em nota divulgada nesta segunda-feira, a PGR informou que toda a movimentação processual envolvendo os desdobramentos do habeas corpus de Lula “foram acompanhados pela procuradora-geral da República Raquel Dodge, que manifestou preocupação em relação a medidas que possam colocar em risco a segurança jurídica e a legislação processual vigente, que define com clareza a competência judicial”.
“O que fez o MPF neste domingo, perante o TRF em Porto Alegre e no STJ, em Brasília, são provas de uma atuação que respeita as instâncias judiciais e defende o pleno funcionamento das instituições que compõem o nosso sistema de Justiça”, enfatizou Raquel Dodge na nota.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A reportagem e a nota da Procuradoria confirmam as informações divulgadas pela Tribuna sobre a ilegalidade da decisão do desembargador Favreto. É inacreditável que ele tenha achado que uma armação desse tipo pudesse dar certo. Como se vê, trata-se de um idiota completo. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A reportagem e a nota da Procuradoria confirmam as informações divulgadas pela Tribuna sobre a ilegalidade da decisão do desembargador Favreto. É inacreditável que ele tenha achado que uma armação desse tipo pudesse dar certo. Como se vê, trata-se de um idiota completo. (C.N.)
10 de julho de 2018
Mateus Coutinho
O Globo
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