Depois de passar a tarde inteira reunido com ministros e assessores, o presidente Michel Temer divulgou no início da noite desta sexta-feira (30) uma nota em que acusa “autoridades” de tentar destruir sua reputação, utilizando-se de “métodos totalitários”. Na manifestação, Temer insiste que o decreto relacionado ao setor portuário não beneficiou a Rodrimar, empresa que está no centro da crise mais recente envolvendo o Planalto.
“Sem ter fatos reais a investigar, autoridades tentam criar narrativas que gerem novas acusações”, diz comunicado assinado pela Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.
FORÇAR DELAÇÕES – O texto segue a mesma linha de raciocínio que vinha sendo adotada, nos bastidores, por ministros do Palácio do Planalto logo depois que alguns dos amigos mais próximos de Temer foram presos, na manhã de quinta-feira (29).
A tese é de que as prisões aconteceram para forçar delações premiadas que comprometam o presidente e criem um enredo substancioso que sirva de base para uma nova denúncia contra ele.
Temer já foi alvo de duas denúncias apresentadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República) em 2017. Ambas foram engavetadas pela maioria dos deputados com o argumento de que os fatos apresentados pelos procuradores contra ele era uma “farsa”. Agora, ele volta a utilizar a estratégia de desqualificar as investigações, discurso que encontrou eco nos aliados e teve êxito na época da delação da JBS.
MÉTODOS TOTALITÁRIOS – “Tentam mais uma vez destruir a reputação do presidente Michel Temer. Usam métodos totalitários, com cerceamento dos direitos mais básicos para obter, forçadamente, testemunhos que possam ser usados em peças de acusação. Repetem o enredo de 2017, quando ofereceram os maiores benefícios aos irmãos Batista para criar falsa acusação que envolvesse o presidente. Não conseguiram e repetem a trama, que, no passado, pareceu tragédia, agora soa a farsa”, diz o comunicado.
Temer conversou com aliados por telefone e reuniu-se no Palácio da Alvorada com o advogado Antonio Cláudio Mariz, com os ministros Moreira Franco (Secretaria Geral), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e Gustavo Rocha (Direitos Humanos e assessor jurídico), além do secretário de Comunicação, Márcio de Freitas.
Foi aconselhado a fazer uma manifestação mais jurídica e menos política, mas decidiu se pronunciar mais uma vez com críticas às “autoridades” que, desta vez, ele não nomina.
VIÉS POLÍTICO – A nota insiste que a ação desta semana teve viés político depois que Temer se colocou como pré-candidato à reeleição como presidente da República.
“O atropelo dos fatos e da verdade busca retirar o presidente da vida pública, impedi-lo de continuar a prestar relevantes serviços ao país, como ele fez ao superar a mais forte recessão econômica da história brasileira. Bastou a simples menção a possível candidatura para que forças obscuras surgissem para tecer novas tramas sobre velhos enredos maledicentes”, diz a nota.
“No Brasil do século 21, alguns querem impedir candidatura. Busca-se impedir ao povo a livre escolha. Reinterpreta-se a Constituição, as leis e os decretos ao sabor do momento. Vê-se crimes em atos de absoluto respeito às leis e total obediência aos princípios democráticos.”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Ao alegar que autoridades querem destruir a “reputação” do presidente Temer, a nota do Planalto é candidata à Piada do Ano. Ninguém pode destruir o que não existe. Temer não tem mais “reputação”, o que ele tem agora é “folha corrida”, como se dizia antigamente no linguajar judicial. Quanto à reeleição, não é possível destruir o que não existe. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Ao alegar que autoridades querem destruir a “reputação” do presidente Temer, a nota do Planalto é candidata à Piada do Ano. Ninguém pode destruir o que não existe. Temer não tem mais “reputação”, o que ele tem agora é “folha corrida”, como se dizia antigamente no linguajar judicial. Quanto à reeleição, não é possível destruir o que não existe. (C.N.)
31 de março de 2018
Daniel Carvalho e Marina Dias
Folha
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