Se o ex-presidente Lula perder o recurso contra a sentença do juíz Sérgio Moro, ele poderá não vir a ser preso em consequência, mas sua situação eleitoral ficará abalada podendo tornar-se inelegível. Esta é uma das consequências da decisão a ser tomada, cujo desfecho está preocupando o desembargador Carlos Thompson Flores, tanto assim que foi à Brasília encontrar-se com a ministra Carmen Lúcia, com o diretor da Polícia Federal, Fernando Segóvia, com o general Sérgio Etchegoyen, Segurança Institucional, e com Raquel Dodge, Procuradora Geral da República. O presidente do TRF-4, que julgará o recurso de Lula, revelou preocupação com a segurança no dia da decisão.
O desembargador deixou no ar a impressão de que o arremate não será favorável ao ex-presidente da República. Enquanto isso, Cleide Carvalho, em O Globo desta terça-feira, publicou matéria revelando que, três dias após o julgamento, Luiz Inácio Lula da Silva pretende viajar para a África, iniciando seu roteiro pela Etiópia.
ESVAZIAMENTO – Assim, Lula demonstra acreditar que uma possível sentença contraria não o impedirá de viajar para o exterior. Confirmada a viagem, só o fato de O Globo ter publicado a reportagem esvazia em parte qualquer manifestação programada para Porto Alegre, sede do TRF4 e palco do julgamento. Se o ex-presidente está tranquilo quanto à decisão, não há porque as correntes lulistas se preocuparem ao ponto de pressionarem nas ruas da capital gaúcha um desfecho favorável.
Já que o desfecho está sendo absorvido antecipadamente pela figura central do tema, acreditando que após 24 de janeiro poderá ele formular novos recursos, mantendo-se em liberdade, Lula também anuncia o circuito africano que pretende realizar e deixa claro estar investido da certeza de que não terá sua prisão decretada. E a certeza também de que poderá chegar à Convenção do Partido dos Trabalhadores mantendo seus direitos políticos.
CONDENAÇÃO EFETIVA – Lula acredita, sobretudo, no adiamento de sua condenação efetiva. Porém, se condenado, deixará o espaço político aberto na sucessão presidencial de outubro vindouro.
Mas nesse período hipotético poderá ele desenvolver uma campanha própria e ter acesso ao horário eleitoral que será aberto proporcionalmente a todos os candidatos? Esta dúvida deve preocupá-lo. Mas a preocupação não será só dele, e sim de todos os candidatos e pré-candidatos às urnas de outubro.
Como disse acima, acentuo que o espaço projetado para um confronto com o lulismo sai de cogitação porque vai prevalecer na opinião pública o aspecto de que Lula tornou-se vítima e não culpado do escândalo que abalou a Petrobrás e atingiu grandes empresas como a Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez.
NA FRENTE – Como as pesquisas demonstram, Lula alcança hoje a média de 32%, quase 1/3 do eleitorado brasileiro. Se afastado das urnas, Lula abre um espaço político a ser disputado por diversos nomes, já que o Partido dos Trabalhadores não possui nenhum nome capaz de substituí-lo.
Como em política não existem espaços vazios, Os demais candidatos vão lutar para preenchê-lo. Portanto, o tema antiLula se evapora.
Qual candidato ou candidatos julgam-se capazes de ocupar sua herança?
17 de janeiro de 2018
Pedro do Coutto
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