De forma reservada, aliados do presidente Michel Temer começaram a se movimentar nas últimas semanas para buscar alternativas para o futuro do presidente, após ele deixar o poder, no fim de 2018, e cair direto nas mãos do juiz Sergio Moro, da primeira instância do Judiciário. Nesta quarta-feira, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que Temer “não tem nenhuma pretensão de disputar eleição”.
Ao contrário de Padilha, há, entre alguns de seus principais aliados, quem ventile a ideia de Temer concorrer à reeleição, mas interlocutores contrários à ideia criticam a movimentação, afirmando que o momento é delicado e impróprio para dar o start na campanha de 2018. Isso porque o presidente articula a aprovação da reforma da Previdência e está no meio de uma reforma ministerial, que só deve terminar em março ou abril do ano que vem.
MOTIVOS REAIS – O próprio “cotado”, no entanto, jamais deu sinais de que toparia concorrer, segundo auxiliares próximos. Um interlocutor afirma que a tese representa uma “briga com a realidade”, e elenca “motivos reais” segundo os quais Temer não teria condições de concorrer: argumenta que as reformas encampadas são claramente impopulares, que o governo bate recordes de reprovação, que a economia demorará a se reerguer e que essa virada necessária para limpar o ambiente carregado seria de um “ineditismo histórico”.
“Seria uma briga com a realidade. Eu nunca vi isso na História do Brasil. As reformas são totalmente impopulares. O presidente não gosta de ter o nome envolvido nessas cotações e preza por como entrará na História: ele não quer ser o presidente que perdeu a eleição depois de tirar o país da pior crise econômica de todos os tempos” — diz um assessor.
Outra pessoa próxima a Temer afirma que, aos 77 anos, o presidente não tem a disposição necessária para enfrentar uma campanha política e “sabe disso”.
CONTEXTO ELEITORAL – Um caminho em comum às duas narrativas seria de que Temer, independentemente da condição de candidato ou não, deverá aparecer com mais força no contexto eleitoral no ano que vem e será o “fiador” da continuidade do grupo atual no poder.
Os entusiastas de Temer candidato citam a indisposição popular com a classe política – sem se preocuparem com os módicos 3% de popularidade do peemedebista hoje -, um suposto ativo eleitoral da retomada econômica e até um discurso que poderia ser adotado pelo presidente em alterar o sistema político para presidencialista, fortalecendo o Parlamento. De acordo com essa tese, Temer poderia ser o “nome possível” para encampar uma reforma política radical, o que pavimentaria, em princípio, apoio à continuidade das reformas, por ora majoritariamente econômicas. Em meio a uma reforma ministerial, também é mencionado que o governo tem na máquina pública um ativo eleitoral natural.
VANTAGEM – “Quando a economia se recuperar de vez, vai ser uma vantagem um parlamentar ou ministro dizer que participou das reformas, dos avanços” — defende um dos entusiastas da candidatura de Temer, que cogita aumentar as viagens nacionais de Temer e ministros palacianos no ano que vem.
Segundo outro auxiliar, as pesquisas de opinião feitas regularmente pela Presidência já aferem, sutilmente, a disposição popular em aceitar Temer nas urnas, apesar de ser, hoje, o presidente mais impopular desde a ditadura, com 3% e 5% de popularidade, a depender da pesquisa de opinião pública.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A oportuna reportagem de Eduardo Barreto e Letícia Fernandes (neta de Helio Fernandes) mostra que na Praça dos Três Poderes não se fala em outra coisa. Para manter o foro privilegiado e se livrar da implacável primeira instância da Justiça Federal, Temer está disposto a ser candidato à reeleição. A polêmica é só para disfarçar. Quando chegar a hora, Temer vai parodiar o velho bordão de D. Pedro I, ao se insurgir contra Portugal: “Atendendo a insistentes pedidos para concluir a recuperação do país, digam ao povo que fico” – será a desculpa de Temer. Vai ser engraçado. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A oportuna reportagem de Eduardo Barreto e Letícia Fernandes (neta de Helio Fernandes) mostra que na Praça dos Três Poderes não se fala em outra coisa. Para manter o foro privilegiado e se livrar da implacável primeira instância da Justiça Federal, Temer está disposto a ser candidato à reeleição. A polêmica é só para disfarçar. Quando chegar a hora, Temer vai parodiar o velho bordão de D. Pedro I, ao se insurgir contra Portugal: “Atendendo a insistentes pedidos para concluir a recuperação do país, digam ao povo que fico” – será a desculpa de Temer. Vai ser engraçado. (C.N.)
01 de dezembro de 2017
Eduardo Barretto e Leticia Fernandes
(O Globo)
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