O Fundo Monetário Internacional diz que “a dívida chinesa está em ‘trajetória perigosa”, porque a carga da dívida do país poderia subir de cerca de 235% do PIB a mais de 290% em 2022. Mas o FMI manteve sua previsão de crescimento do PIB chinês de 6,7% neste ano. A diferença para o Brasil, que está estrangulado pelo serviço do pagamento da dívida pública, é que o PIB chinês cresce num percentual bem maior do que a taxa de juros que pagam para financiar sua dívida pública. Então eles têm recursos para pagar o serviço da dívida.
Se fosse este o caso do Brasil, sem dúvida a dívida seria uma forma razoável de financiar os investimentos. Mas, no caso brasileiro, há muitos anos a taxa de juros é muito, mas muito, superior à taxa de crescimento do PIB.
DESCOMPASSO – Dessa maneira, o serviço da dívida no Brasil cresce muito mais rapidamente do que o PIB, o que faz com que a disponibilidade para investimento seja cada vez menor (atualmente ela é, na verdade, negativa), e que o serviço da divida seja cada vez mais pago pela contratação de nova dívida, que cresce mais rapidamente do que a arrecadação. Com isso, fica inviável o custo de usar dívida para financiar os investimentos que permitiriam aumentar o PIB.
É claro que, como diz o analista Flávio José Bortolloto, o problema brasileiro veio do custeio maior do que a receita. A gastança e ineficiência (para não falar da roubalheira) do atual governo e dos anteriores causou isso. Mas agora o nosso serviço da divida já engole 73% do PIB e vai continuar crescendo. Mesmo que consigamos cortar o custeio pela metade (o que é coisa para muito tempo, mesmo desengessando as estipulações legais que o dificultam), não sei se ainda temos tempo de reverter o processo sem chegarmos ao ponto do calote, que, por sua vez, estancaria a fonte de recursos…
Este é o maior problema brasileiro, mas estranhamente não há discussão a respeito dele.
07 de novembro de 2017
Wilson Baptista Junior
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