"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

A OBSTRUÇÃO DA JUSTIÇA - DE WATERGATE AO MENSALÃO, PETROLÃO E LAVA JATO

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Liam Neeson interpreta o “Garganta Profunda”
Mark Felt – O Homem que Derrubou a Casa Branca” é um filme excelente sobre o “Garganta Profunda”, personagem-chave que transmitiu informações do FBI aos repórteres Carl Bernstein e Bob Woodward, cujas reportagens no Washington Post levaram à renúncia do Presidente Richard Nixon. O filme focaliza os esforços ilegais da Casa Branca para obstruir as investigações do FBI sobre a invasão do edifício-sede do Partido Democrata na capital dos Estados Unidos. Watergate é o nome do prédio que as reportagens tornaram histórico.
A invasão da sede, aspecto que falta ser focalizado, representou o maior erro que o governo americano poderia cometer. E ocorreu em 1972, às vésperas da eleição de novembro, que por enorme margem de votos reelegeu o presidente Nixon.
ELEIÇÃO GANHA – As pesquisas apontavam enorme vantagem para Nixon sobre o senador George McGovern, candidato do Partido Democrata. Para que invadir a sede democrata a fim de descobrir informações que não poderiam mudar o rumo do pleito. Mc Govern, nas urnas , teve apenas 27% dos votos. Foi a maior derrota na história de um candidato a presidência dos EUA. Maior até que a derrota do Republicano Darry Goldwater para Lindon Johnson em 1964.
Portanto verifica-se nitidamente a oscilação de 30% doa americanos entre um partido e outro. Democratas e republicanos, cada um, possuem uma base pouco variável em torno de 30% cada um. O eleitorado flutuante é que é decisivo para a vitória. Mas esta é outra questão.
MARK FELT – O filme focaliza e destaca o extraordinário esforço de Mark Felt para assegurar a absoluta independência do FBI para conduzir investigações. Ele era vice de Edgar Hoover, que dirigiu o FBI por mais de 40 anos. Ao receber a notícia da morte de Hoover, considerou-se seu substituto natural. Havia, porém, resistências no governo. Felt era o homem que sabia demais. Terminou sendo ultrapassado por um agente que havia afastado de investigação anterior. Magoou-se e resolveu reagir para tentar  livrar o FBI das pressões da Casa Branca.
Sua luta estendeu-se por dois anos e só terminou quando Richard Nixon renunciou, sendo substituído por Gerald Ford, presidente da Câmara dos Deputados. Nixon não tinha vice porque o vice com o qual foi reeleito era Spiros Agnew, que renunciara em 73 em consequência de seu envolvimento numa sombria aquisição de áreas na Flórida para empreendimentos imobiliários.
APOSENTADORIA – Enquanto Nixon renunciava, Mark Felt era aposentado por Gerald Ford. O filme focaliza nitidamente os bastidores do processo de obstruir a Justiça.
No Brasil tentativas semelhantes ocorreram ao longo do tempo, a partir do Mensalão que explodiu em 2005, do Petrolão, síntese da corrupção desenfreada na Petrobrás, e da operação Lava Jato, cuja lente dupla fixou a visão do que ocorreu na empresa estatal e também no BNDES, além de expor a atuação sinuosa de que se valeu a JBS, de Joesley Batista.
É importante que as autoridades do país, incluindo a procuradora- geral Raquel Dodge, e o Supremo Tribunal Federal, presidido pela ministra Cármen Lúcia, assistam ao filme. Trata-se de uma produção que, por analogia, é capaz de conduzir o desfecho da Lava Jato a um resultado positivo para toda a população brasileira. A opinião pública tanto nos EUA, quanto no Brasil, possui um poder maior do que aquele que ela própria imagina.
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Este é Mark Felt, o homem que conseguiu derrubar um presidente dos Estados Unidos

07 de novembro de 2017
Pedro do Coutto

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