Escrevo este artigo na manhã desta quinta-feira logo após as emissoras de televisão divulgarem a ação da Polícia Federal contra o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Faço essa anotação para que o artigo ingresse na edição de hoje e permaneça na edição de amanhã, sexta-feira. O tema é altamente importante, na medida em que a explosão estilhaça os vidros do Palácio do Planalto, joga o poder pelos ares e deixa o governo entre escombros. Some-se a isso a decisão do Supremo não aceitando a suspeição contra Rodrigo Janot, o que deixou o Procurador Geral em condições de propor a nova investida penal contra o Presidente da República.
Não importa que esta iniciativa seja também barrada pela Câmara Federal. Os estragos arrasaram o atual sistema de poder. Afinal de contas, Blairo Maggi, além de senador é ministro da Agricultura. O terceiro a ser alvo de denúncias e ações diretas da PGR e da Polícia Federal. É o terceiro homem. Os dois outros são Gedel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves. Num quarto episódio a opinião pública pode situar Romero Jucá, líder do governo no Senado, que não conseguiu assumir o ministério do Planejamento no atual governo.
DESGOVERNO – Pode-se até assinalar que, diante de tais incidências a administração da Esplanada de Brasília tornou-se um desgoverno. Ao ponto de a defesa de Michel Temer, a cargo do advogado Mariz de Oliveira, ter recorrido ao STF no intuito de bloquear a apresentação da nova denúncia colocada em pauta pelo Procurador Geral da República.
O Ministro Marco Aurélio de Mello fez, na sessão de quarta-feira, a observação crítica essencial: pela primeira vez ele se deparou com a proposta de bloquear um ato do Procurador Geral da República antes mesmo de ser apresentadO. O advogado de Michel Temer assumiu assim a prática de um fato inédito. Alguém recorrer à Justiça na véspera de uma questão antes mesmo dela ser substantivada.
TEMOR DE TEMER – Nessa etapa Mariz de Oliveira traduziu para todo o país o temor de seu próprio constituinte e cliente. A Globonews transmitiu a sessão.
Não é relevante – reportagem de Camila Matoso e Bela Megale, Folha de Saõ Paulo – o fato de terem sido descobertas mensagens no celular de Marcelo Miller que comprovam entendimento prévio com a JBS para o encaminhamento da delação premiada. Ele falou pelo telefone com Wesley Batista, irmão de Joesley. Mas esse comprometimento não retira a materialidade contida na delação levantada por Rodrigo Janot e confirmada pelo Ministro Edson Fachin.
O governo Michel Temer desmoronou.
Acrescento dois fatos que não têm ligação com o processo de Kafka que envolve o governo. Mas são atos do governo. No Diário Oficial de 12 de setembro está publicado o Decreto que inclui a Loteria Instantânea na lista das privatizações. A privatização será promovida pelo BNDES.
E no Diário Oficial de 13 de setembro está publicado um outro Decreto este reestruturando os cargos em Comissão e as Funções de confiança da Casa Civil. São nessas reestruturações que se explicam os aumentos da despesa pública. É só prestar atenção aos decretos presidenciais.
Os aposentados e pensionistas não são a causa da elevação dos gastos. Aliás, gasto é como se encontra o desgoverno do Brasil. E, em meio à tempestade, o PSD prepara-se para lançar a candidatura de Henrique Meirelles à sucessão de 2018.
16 de setembro de 2017
Pedro do Coutto
Nenhum comentário:
Postar um comentário