A hipocrisia, que não deixa de ter sua função, transformou-se em modelo de conduta para todos os segmentos da sociedade brasileira, do mais simples ao mais sofisticado, de um extremo ao outro do espectro político-ideológico.
Fingir que está com pena, matar e comparecer ao enterro, assaltar e participar de passeata contra a violência, dizer-se indignado com tudo e viver praticando o malfeito, para usar um termo da moda, viraram lugar-comum.
Interessante é que muitos não conseguem nem disfarçar: o destruidor do meio-ambiente luta para presidir a Comissão de Meio Ambiente, o grileiro é escolhido para a Comissão de Assuntos Fundiários, o intolerante passa a tratar de assuntos de intolerância na área de Direitos Humanos e assim por diante.
Nesta semana, a Coordenação de Repressão a Drogas da Polícia Civil do Distrito Federal prendeu um traficante com um quilo de skunk, maconha modificada geneticamente, com altíssimo teor de THC (Tetrahydrocabinol), avaliado em R$ 40 mil.
Pesquisando o perfil do traficante na Internet, a Polícia Civil encontrou manifestações duras do acusado no sentido de que a Interpol (Polícia Internacional) ficasse atenta “para não deixar o Lula fugir”, reforçando o apelo com a seguinte pérola: “Só peço que compartilhem e faça (sic) pelo menos um brasileiro ter vergonha na cara!!!! Por favor!!!!”.
Enquanto isso, lucrava distribuindo drogas em Brasília e se preparava em uma faculdade particular para ser piloto de aviação comercial. Se ele vendia e fumava, como é característico do traficante brasileiro, imagine o risco que os passageiros correriam no futuro.
Não que seja proibido censurar ou emitir juízo moral, mas é demais um criminoso ter a ousadia de apelar à Interpol. A falta de vergonha passou dos limites.
01 de abril de 2017
Miguel Lucena é delegado da Polícia Civil do Distrito Federal e jornalista,
Fingir que está com pena, matar e comparecer ao enterro, assaltar e participar de passeata contra a violência, dizer-se indignado com tudo e viver praticando o malfeito, para usar um termo da moda, viraram lugar-comum.
Interessante é que muitos não conseguem nem disfarçar: o destruidor do meio-ambiente luta para presidir a Comissão de Meio Ambiente, o grileiro é escolhido para a Comissão de Assuntos Fundiários, o intolerante passa a tratar de assuntos de intolerância na área de Direitos Humanos e assim por diante.
Nesta semana, a Coordenação de Repressão a Drogas da Polícia Civil do Distrito Federal prendeu um traficante com um quilo de skunk, maconha modificada geneticamente, com altíssimo teor de THC (Tetrahydrocabinol), avaliado em R$ 40 mil.
Pesquisando o perfil do traficante na Internet, a Polícia Civil encontrou manifestações duras do acusado no sentido de que a Interpol (Polícia Internacional) ficasse atenta “para não deixar o Lula fugir”, reforçando o apelo com a seguinte pérola: “Só peço que compartilhem e faça (sic) pelo menos um brasileiro ter vergonha na cara!!!! Por favor!!!!”.
Enquanto isso, lucrava distribuindo drogas em Brasília e se preparava em uma faculdade particular para ser piloto de aviação comercial. Se ele vendia e fumava, como é característico do traficante brasileiro, imagine o risco que os passageiros correriam no futuro.
Não que seja proibido censurar ou emitir juízo moral, mas é demais um criminoso ter a ousadia de apelar à Interpol. A falta de vergonha passou dos limites.
01 de abril de 2017
Miguel Lucena é delegado da Polícia Civil do Distrito Federal e jornalista,
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