Eu comecei a ler jornais por causa do Corinthians.
Toda vez que meu time era campeão, pedia aos meus pais que comprassem a edição especial, fosse do Notícias Populares, a Gazeta Esportiva ou o Jornal da Tarde, que eram mais baratos, mas certamente trariam o pôster.
Passei depois a ler o caderno esportivo em outras épocas e gostava das crônicas do Armando Nogueira, até que comecei a me interessar por outros temas.
Meus pais traziam jornal no domingo, geralmente o Estadão, depois a Folha.
Quando fui me isolar para estudar para o “vestibulinho” em 1995 na casa da minha avó, levei edições da Folha, Estadão e Jornal da Tarde, pensava em ler as famosas colunonas que vinham nos primeiros cadernos e tratavam de temas mais complexos.
Por orientação da minha mãe, me interessava pelos textos de Delfim Netto e Roberto Campos. Conheci então alguns colunistas que por um tempo eu seguiria lendo: Matinas Suzuki Jr, Celso Pinto (ou Ming?), Jânio de Freitas, Clóvis Rossi, Fernando de Barros e Silva.
Naquele tempo de estudo eu anotava cada palavra que não conhecia para depois pesquisar no dicionário. Lembro certamente de uma palavra que conheci naquele período e jamais esqueci o significado: inverossímil (se eu pesquisar nos arquivos do Estadão ou da Folha é capaz que encontre o artigo de Roberto Campos, meu preferido desde o princípio). E foi assim que comecei a ler todo o jornal, a pedir para meus pais comprarem. O hábito duraria muitos, muitos anos.
Acho que foi por volta de 2005 que parei de guardar edições de jornais que eu considerava históricas. Talvez a última edição que eu tenho guardada seja aquela de junho de 2005 em que Renata Lo Prete entrevistava Roberto Jefferson e deflagrava o escândalo do Mensalão. Em algum lugar de minha casa ou da de minha mãe estão lá as pilhas de encartes especiais sobre Copas do Mundo, grandes tragédias, morte de ídolos e até algumas eleições, além claro dos já citados títulos corintianos.
O principal motivo do fim deste hábito foi a óbvia substituição do papel impresso pela possibilidade de consultar a qualquer momento tais reportagens. Comprar jornais nos domingos foi um hábito que eu manteria ainda por alguns anos, além de eventualmente assinar um jornal e por muitos anos assinar a Veja.
Acho que foi por volta de 2005 que parei de guardar edições de jornais que eu considerava históricas. Talvez a última edição que eu tenho guardada seja aquela de junho de 2005 em que Renata Lo Prete entrevistava Roberto Jefferson e deflagrava o escândalo do Mensalão. Em algum lugar de minha casa ou da de minha mãe estão lá as pilhas de encartes especiais sobre Copas do Mundo, grandes tragédias, morte de ídolos e até algumas eleições, além claro dos já citados títulos corintianos.
O principal motivo do fim deste hábito foi a óbvia substituição do papel impresso pela possibilidade de consultar a qualquer momento tais reportagens. Comprar jornais nos domingos foi um hábito que eu manteria ainda por alguns anos, além de eventualmente assinar um jornal e por muitos anos assinar a Veja.
Mas ficou também cada vez mais claro para mim, como para tantos outros que se interessaram por política nos últimos 10 ou 15 anos, que a imprensa está contaminada pelo mesmo mal de nossos políticos. Que seu compromisso não é com a verdade, pluralidade e honestidade, mas sim em vender a si mesmos e aquilo que noticiam como o que querem que seja verdade.
Assim como os políticos fingem ser pessoas normais, os jornalistas fingem falar de pessoas normais e para pessoas normais, quando estão controlando cada detalhe do que é passado como forma de controlar o que se passa.
Quando em 2014, aqui mesmo no Reaçonaria, criamos talvez o maior marco da crítica ao jornalismo marrom esquerdista na internet (1), foi para mim como um grito. Aquilo era preciso e teve enormes proporções.
Quando em 2014, aqui mesmo no Reaçonaria, criamos talvez o maior marco da crítica ao jornalismo marrom esquerdista na internet (1), foi para mim como um grito. Aquilo era preciso e teve enormes proporções.
Depois daquele dia, jamais a minha relação imaginária com o mundo das notícias seria o mesmo, especialmente quando meses depois um grupo de jornalistas, que se comunica em grupinhos de e-mail de tudo fez para buscar contra nós algum revide, até que ele veio de uma forma mentirosa, apelativa e atingindo terceiros.
Mais recentemente temos usado este site também para apontar a “reviravolta” em uma persona jornalística chocante(2), algo tão gritante que não consigo tratar do tema sem falar muitos palavrões.
Acontece que minha completa desilusão com o jornalismo brasileiro chegou ao máximo neste dia seguinte à vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA.
Acontece que minha completa desilusão com o jornalismo brasileiro chegou ao máximo neste dia seguinte à vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA.
Eu até já me conformava com o fato do jornalismo brasileiro hoje lutar não por descobrir coisas por si próprias, mas por ter bons contatos nos órgãos oficiais de investigação (Polícia Federal e Ministério Público) para tratar com alarde aquilo que eles apenas divulgam em primeira mão.
Eu já me conformava em saber que o jornalismo era dominado, primordialmente, por petistas, seguido por extremistas de esquerda (Psolistas) e esquerdistas esnobes e oportunistas (tucanos). Em saber que no meio jornalístico o brasileiro normal, meio religioso, que odeia bandidos e preza a família, é visto como uma aberração.
O cinismo com que trataram o próprio fiasco e desonestidade durante a cobertura da campanha dos EUA foi um momento ímpar na história da profissão, um dia realmente atípico para se acompanhar o maior número possível desses profissionais.
Os jornalistas brasileiros não se desculparam, não admitiram que torceram, em vez de reportar, e assumiram o erro de toda a categoria como justificativa para os próprios erros. Fizeram da opinião de manada de sua classe a justificativa para os próprios atos, ignorando a possibilidade de seus semelhantes serem tão falsos como eles mesmos.
Os jornalistas brasileiros não se desculparam, não admitiram que torceram, em vez de reportar, e assumiram o erro de toda a categoria como justificativa para os próprios erros. Fizeram da opinião de manada de sua classe a justificativa para os próprios atos, ignorando a possibilidade de seus semelhantes serem tão falsos como eles mesmos.
Como se não fosse obrigação do jornalista questionar o que lhes chega e buscar a verdade. Falaram do erro da classe como algo totalmente avulso a eles mesmos. Em alguns casos, dobraram a aposta no erro, insistindo que Trump é racista e se assemelha a Hitler.
No meio dos anos 90, quando eu comecei a comprar jornais para ler além do caderno de esportes, as suas capas traziam impressa a tiragem da edição, sempre acima de um milhão – que ainda era pouco se pensarmos num povo que já passava de 150 milhões de habitantes.
11 de novembro de 2016
Luciano de Rubempré – Personagem principal de “Ilusões Perdidas”. O poeta e jornalista era um completo imoral e picareta movido pela desejo de triunfar na “sociedade” parisiense. Na pintura, com seu “amigo” Daniel D’Arthez. Ilustração de Adrien Moreau.
No meio dos anos 90, quando eu comecei a comprar jornais para ler além do caderno de esportes, as suas capas traziam impressa a tiragem da edição, sempre acima de um milhão – que ainda era pouco se pensarmos num povo que já passava de 150 milhões de habitantes.
Hoje esses números não são mais exibidos e, pesquisando, descobre-se que muito sofregamente chegam a 200 mil exemplares. Eu deveria estar triste e apresentar algum sintoma de saudosismo mas é o contrário, há é mesmo um sentimento de raiva.
Afinal de contas, será uma coisa nova na profissão apresentarem tantos vícios cada dia com mais intensidade? Aquilo de que tanto gostei e que me satisfazia fora o tempo inteiro criado por safados inescrupulosos e desprezíveis? A pilha de lembranças que ainda guardo nos armários são o resultado temporariamente agradável de profissionais da mentira?
11 de novembro de 2016
Luciano de Rubempré – Personagem principal de “Ilusões Perdidas”. O poeta e jornalista era um completo imoral e picareta movido pela desejo de triunfar na “sociedade” parisiense. Na pintura, com seu “amigo” Daniel D’Arthez. Ilustração de Adrien Moreau.
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