O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta quinta-feira (10), novo apelo por um acordo para eleição interna do partido. O gesto de Lula encerrou tensa reunião sobre o formato de votação do comando partidário, marcada até por ameaça velada de desfiliação partidária. Secretário de formação do PT e representante da esquerda do partido na Executiva, Carlos Henrique Árabe lançou uma ameaça velada, afirmando que “haverá consequências” caso não exista um debate sobre o modelo de votação.
Hoje no comando do PT, a corrente lulista CNB (Construindo o Novo Brasil) entendeu a declaração como ameaça de debandada. Com maioria na reunião do partido, a tendência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ameaça derrotar a esquerda no voto.
A CNB quer que a eleição ocorra em votação aberta nos municípios para montagem do colégio que elegerá o presidente da sigla. Já a tendência mais à esquerda defende a realização de congressos na primeira e segunda instâncias.
EM CONGRESSO – Após intervenção de Lula, presente na reunião, a CNB concordou que a escolha do presidente do PT ocorra em congresso.
Questionado sobre a ocorrência de ameaças, o deputado Reginaldo Lopes (MG) disse que houve “de tudo” na reunião. O tesoureiro do partido, Marcio Macedo, entendeu o recado e reagiu, dizendo que não temia ameaças e estava disposto a assumir as consequências.
O secretário-geral do partido, Romênio Pereira disse que alguns parlamentares usam o impasse para justificar a saída do PT. “Sabe a música do Tim Maia: me dê motivo”, ironizou Romênio.
Líder da corrente O Trabalho, Marcus Sokol lembra sempre ter defendido a votação em congresso. Mas afirmou não aceitar que o debate sirva de pretexto para saída do partido.
Diante do impasse, Lula afirmou que, como não chegavam a um acerto, as tendências deveriam se entender.
PACTO DIABÓLICO – Também nesta quinta, intelectuais, artistas, lideranças de movimentos sociais e sindicalistas lançaram na Casa de Portugal, no centro de São Paulo, a campanha “Por um Brasil Justo pra Todos e pra Lula”. Em discurso no ato, Lula disse ser alvo de um “pacto diabólico”.
A iniciativa quer dar início a um amplo movimento pelo país e no exterior contra o que considera perseguições ao ex-presidente Lula, réu na Operação Lava Jato, e em defesa da democracia.
No ato, com a presença de Lula, foi apresentado um vídeo com cantores, como Zélia Duncan e Chico Buarque, contra congelamento dos gastos sociais.
Também foi distribuído um panfleto com charges do cartunista Laerte e o título “Por que querem condenar Lula?”.
CRÍTICAS À JUSTIÇA – O documento sai em defesa de Lula faz críticas à Justiça, sem citar o nome do juiz Sergio Moro. O texto do panfleto diz que “não é certo um juiz deixar as pessoas presas para falarem só o que ele quer ouvir mesmo que seja sem prova”. O documento diz ainda que “não é certo recusar delações só porque não falam de Lula”.
“Se o sujeito acusa Lula, está solto. Se não acusa, continua preso”, diz o texto, acrescentando: “Enquanto isso, corruptos comprovados, ladrões de merenda escolar, dos metrôs, dos trens e das privatizações continuam livres e soltos”.
Em linguagem simples, o panfleto lista ações de Lula, incluindo a realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Brasil.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nem mesmo a intervenção direta de Lula está conseguido amainar a briga interna no PT. O partido tem 71 parlamentares federais (59 deputados e 12 senadores), dos quais pelo menos 40 estão dispostos a deixar o partido para disputar a reeleição em 2018 por outras legendas. Como diz a velha piada, o último a sair apague a luz da sala. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nem mesmo a intervenção direta de Lula está conseguido amainar a briga interna no PT. O partido tem 71 parlamentares federais (59 deputados e 12 senadores), dos quais pelo menos 40 estão dispostos a deixar o partido para disputar a reeleição em 2018 por outras legendas. Como diz a velha piada, o último a sair apague a luz da sala. (C.N.)
11 de novembro de 2016
Catia Seabra
Folha
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