"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

NO ESQUEMA DE CABRAL, TRANSPORTADORA DE VALORES TORNOU-SE UM BANCO DE SEGREDOS


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Como sempre sonhou, Cabral ficou famoso no exterior
O economista Marcos Lisboa, em sua coluna semanal na Folha de São Paulo, publicada dia 20, apresentou a concessão de aumentos ao funcionalismo público como fator principal do desequilíbrio fiscal e orçamentário do Rio de Janeiro. Equivoca-se, a causa está no sistema desenfreado de corrupção montado e operado sem limites ao longo dos últimos nove anos, ininterruptamente. Incentivos incluíram até joalherias de luxo. Tradicionais, já se encontravam funcionando há muito tempo.
Esta comprovação derruba totalmente o argumento de que os estímulos fiscais destinavam-se à instalação de empresas. Como? Elas já estavam instaladas antes das desonerações concedidas.
É fácil culpar o funcionalismo público e os aposentados pelos prejuízos impulsionados pela violenta onda de roubo que inundou o Palácio Guanabara. E fez submergir a ética e as contas estaduais. Marcos Lisboa falou sem examinar o orçamento estadual. É de 76 bilhões de reais para 2016. A despesa com os funcionários públicos, ativos, aposentados e pensionistas pesa 32%. São 2,1 bilhões por mês, ou cerca de 27 bilhões de reais por ano, como a Folha e O Estado de São Paulo publicaram recentemente.
DESONERAÇÕES – Sugiro a Marcos Lisboa comparar estes números com o montante das desonerações que se eleva a 151 bilhões. E também com o total de 59 bilhões de reais de dívidas não cobradas de empresas devedoras como o Valor publicou com destaque uma semana atrás.
Marcos Lisboa conhece a fundo o universo financeiro. Não tem direito, assim, de cometer erros comparativos sem pelo menos levar em conta os valores percentuais objeto de sua comparação. O montante de 151 bilhões é o dobro do orçamento do Rio de Janeiro para este ano. Se colocarmos, para completar o exercício intelectual, os bilhões sonegados, transitados pela Justiça, mas não cobrados, chegamos à casa dos 200 bilhões de reais. Mas não se trata apenas de dinheiro oculto. E sim, também, do que deixou de ser feito pela administração pelo desaparecimento dos recursos ao longo de nove anos.
O governo do Estado do Rio de Janeiro – informação para Marcos Lisboa – transformou-se em verdadeira máquina de produzir roubos em série. Isso tem que ser levado em conta para qualquer análise econômica séria. O juiz Sérgio Moro tem razão ao destacar a existência de um esquema criminoso com governantes ricos e governados pobres. Em grande parte abaixo da linha de pobreza, acrescento eu.
O “BANCO” DE CABRAL – O repórter Chico Otávio, O Globo de domingo, revela que uma empresa de transporte de valores, com sede no bairro de Santo Cristo, transformou-se num verdadeiro banco de guardar dinheiro e segredos, entre estes a causa principal do déficit financeiro do RJ revelado pelo governador Luiz Fernando Pezão.
Afinal de contas, como explicar que uma transportadora de valores se transforme num banco abastecido regularmente por fontes luminosas, porém secretas?
Os grandes bancos, como o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, possuem cofres de aluguel. Presume-se para guardar joias, talvez moedas estrangeiras, e documentos, mas não tem lógica para guardar reais. Pois neste caso os depósitos perderiam a corrida contra a inflação do IBGE. Não faria sentido, portanto.
O uso do cofre secreto, no caso da transportadora que virou banco, não foi só para joias, como no filme famoso.
É isso aí.

22 de novembro de 2016
Pedro do Coutto

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