A Receita Federal vai atuar com a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) nas investigações dos crimes de corrupção do governo de Sérgio Cabral (PMDB), no Rio de Janeiro. Segundo a auditora fiscal Denise Esteve Fernandez, cerca de R$ 450 milhões deixaram de ser pagos em tributos por conta do esquema de propina durante o governo Cabral. Denise participou na manhã desta quinta-feira (17) de coletiva de imprensa para tratar da prisão do ex-governador na sede da Polícia Federal no Rio. Ela destacou que a Receita Federal vai cruzar dados contábeis para averiguar se serviços declarados pela equipe de Cabral e empreiteiras foram realmente prestados ou se, na verdade, foram utilizados no esquema de lavagem de dinheiro.
Denise enfatizou que a participação de auditores da Receita na operação é fundamental para combater a sonegação. E explicou que, em esquemas de corrupção, é comum contratos serem “contabilizados como custo operacional e deixarem de pagar impostos”.
TRAIÇÃO ELEITORAL – O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio, afirmou em decisão que mandou prender o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) que se as suspeitas sobre o peemedebista forem confirmadas, “estaremos diante de um gravíssimo episódio de traição eleitoral”. Sérgio Cabral foi preso na operação Calicute, nova fase da Lava Jato, sob duas ordens de prisão. A outra é do juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Lava Jato no Paraná.
A investigação da força-tarefa do Ministério Público Federal apura pagamento de vantagens indevidas a Sérgio Cabral, em decorrência do contrato celebrado entre a Andrade Gutierrez e a Petrobras, sobre as obras de terraplanagem no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
A força-tarefa da Lava Jato, no Rio, investiga corrupção na contratação de diversas obras conduzidas no governo do peemedebista, entre elas, a reforma do Maracanã para receber a Copa do Mundo de futebol de 2014, o PAC Favelas e o Arco Metropolitano, financiadas ou custeadas com recursos federais.
ESQUEMA DE FRAUDE – Segundo a Procuradoria da República, “desde que Sérgio Cabral assumiu o governo estadual foi encetado um esquema de fraude em licitação e cartel envolvendo as grandes obras públicas de construção civil, além de pagamentos de propinas regulares por empreiteiras, entre elas a Andrade Gutierrez”.
Na decisão que mandou prender Sérgio Cabral, o juiz Marcelo Bretas classificou Sérgio Cabral como político de grande expressão nacional. “No topo da cadeia de comando da estrutura criminosa sob investigação, conclui o Ministério Público Federal, estaria o ex-governador do Estado do Rio de Janeiro Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho, ora investigado”, afirmou o magistrado.
São investigados os crimes de pertencimento à organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros. Também participam das diligências dezenove procuradores do Ministério Público Federal e cinco auditores fiscais da Receita Federal.
18 de novembro de 2016
Deu em O Tempo
(Agência Estado)
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