"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

POR QUE RUI FALCÃO TAMBÉM ENTROU EM PANE COM A PRISÃO DE EDUARDO CUNHA?




É um truísmo dizer que na guerra política precisamos estar atentos à guerra de narrativas. No fundo, deveria ser uma de nossas prioridades. Porém, é preciso tomar cuidado para não focarmos unicamente nas narrativas, ignorando completamente os fatos. A razão para isso é que se nossos adversários percebem o amontoado de contradições, a coisa pode complicar. Para o PT isso não havia sido um problema, pois seus adversários não jogavam o jogo político. Mas agora alguns estão jogando. E o colapso de narrativas petistas está ficando constrangedor para eles.

Por exemplo, o presidente do PT, Rui Falcão, está fulo da vida com a prisão de Eduardo Cunha. Ele disse: “Excesso de prisões só consolida a ideia de que estamos ingressando num estado de exceção. As pessoas devem ter direito à presunção de inocência e ao devido processo legal. E o excesso de prisões, sobretudo as prisões cautelares, com objetivo de obter delações, não preocupam o PT. Devem preocupar todo povo brasileiro. Hoje é o Eduardo Cunha, amanhã pode ser qualquer um de nós”.

Mas não foram os petistas que pediram a prisão de Cunha por tanto tempo? O fato é que a prisão de Cunha esmaga a narrativa de que “Lula é um perseguido”. No fundo, é protegido até demais. Mas para tentar sustentar a narrativa – mais falsa que propaganda de pasta de dente -, agora passarão a tratar Cunha como “vítima de um excesso”.

O detalhe é que alguns petistas ainda estão propagando outra narrativa: a de que Cunha foi “preso tarde demais”. Segundo essa narrativa, o melhor seria que Eduardo Cunha fosse preso antes de conseguir dar sequência no processo de impeachment. Mas será que a prisão de Cunha não seria excessiva naquela época, somente se tornando um excesso agora? Eis outro colapso de narrativas.

A coisa já adentrou ao ritmo da comédia bufa.



21 de outubro de 2016
ceticismo político


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